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Ex-participantes de Grupo Reflexivo contam como mudaram de comportamento

VARA DA MULHER

23/05/2023
Valquíria Santana

Dos 45 homens que respondem processos nas Varas de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de São Luís e que frequentaram, por determinação judicial, no ano de 2022, o Grupo Reflexivo desenvolvido pela equipe multidisciplinar dessas unidades judiciais, não houve nenhum caso de reincidência de violência. Nos 15 anos de atividade do grupo, dos mais de 300 participantes foi constatado apenas um reincidente. Ex-integrantes estiveram nesta terça-feira (23), durante encontro com novos participantes, no Fórum Des. Sarney Costa, para relatar como mudaram seus comportamentos após essa experiência.

O técnico em radiologia Raimundo Buna relatou que hoje utiliza sua experiência e o que aprendeu no Grupo Reflexivo para disseminar a cultura da paz e mostrar a outros homens que é possível resolver um conflito sem agressões, sejam físicas ou verbais. “No ano de 2021 eu cheguei no primeiro dia de atividade do grupo sem entender porque eu estava aqui e achando que era injusto o que ocorria comigo. No decorrer dos encontros fui me conscientizando, aprendendo sobre a Lei Maria da Penha e hoje não me envolvo mais em briga”, afirmou. Disse também que depois desse período de aprendizado reconstruiu seu casamento com a mãe dos dois filhos dele, com a qual vive há 23 anos. Atualmente ele cumpre a penalidade imposta pela Vara da Mulher.

Um marchante de 29 anos de idade, dois filhos, que responde processo por violência contra a mulher e que, por determinação judicial, frequentou as atividades do Grupo Reflexivo, disse que os primeiros dias de participação no grupo para ele foram conturbados porque não compreendia o motivo de estar naquela situação. “Quando começou eu não entendia e nem aceitava estar aqui, mas com o decorrer dos encontros fui entendendo e refletindo sobre o que eu havia feito”, contou. Ele lembra que seu comportamento mudou completamente e que hoje aplica esse aprendizado em todas as áreas de sua vida.

O psicólogo da Vara da Mulher, Raimundo Ferreira, explica que os homens em situação de violência de gênero chegam com visões bem distintas. Uns entendem ter feito algo grave e por isso estão no grupo; outros afirmam que a culpa foi da mulher. ”Ainda falta neles um processo de responsabilização. O Grupo Reflexivo vai construindo com eles o conceito de violência e os vários caminhos de resolver conflitos de forma não violenta”, esclarece.

Os participantes são obrigados a frequentar 10 encontros semanais e quatro reuniões mensais. Essa nova turma, iniciada no último mês de abril, é composta por 13 homens que respondem processos na 1ª e 3ª Varas da Mulher, independente de já terem uma sentença no processo. As atividades vão até o mês de outubro deste ano. São abordados assuntos como relacionamento conjugal, resolução de conflitos, Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), violência doméstica e familiar, entre outros.

Acompanharam o momento de relatos de ex-participantes, nesta terça-feira (23), durante o encontro do Grupo Reflexivo, a juíza titular da 3ª Vara da Mulher, Samira Barros Heluy; o promotor de justiça e a defensora pública que atuam na unidade, Marco Aurélio Cordeiro e Clara Welma Florentino; a ouvidora da Mulher (Tribunal de Justiça do Maranhão), Danyelle Bitencourt; e a psicóloga Edla Ferreira, uma das facilitadoras do Grupo Reflexivo e integrante da equipe multidisciplinar da da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do TJMA.

O Grupo Reflexivo tem como objetivo o combate à violência contra as mulheres, buscando responsabilizar os homens pelo ato praticado, desnaturalizar a violência, combater as expectativas de poderes de controle dos homens sobre as mulheres e promover relações mais respeitosas e equitativas de gênero. A participação no grupo está prevista na Lei Maria da Penha. Conforme a legislação, o agressor deve frequentar centro de educação e de reabilitação e ter acompanhamento psicossocial, medidas que o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor em conjunto ou separadamente, com outras medidas de urgência.

 

Assessoria de Comunicação
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