O Poder Judiciário do Maranhão realizou, na Comarca de Montes Altos, um mutirão do Tribunal do Júri que resultou no julgamento de casos emblemáticos e do processo que tramitava há mais tempo na comarca, totalizando três júris. Os trabalhos contaram com a atuação conjunta da juíza titular Bruna Athayde e do juiz Rafael de Lima Sampaio Rosa, titular da Comarca de Arame. O primeiro júri foi realizado na sede da comarca e os dois seguintes aconteceram em Ribamar Fiquene, termo judiciário.
A primeira sessão ocorreu no dia 15 de outubro e representou o encerramento de um processo histórico. Foi a resolução do processo que tramitava há mais tempo na comarca de Montes Altos, finalizando um ciclo processual que se estendia há mais de quinze anos. O caso representou um marco simbólico, reforçando o compromisso do Poder Judiciário maranhense com a celeridade processual e a efetividade da Justiça. O réu Juvenal Alves da Silva, acusado de ter matado Antônio José Gomes Evangelista, em março de 2008, na cidade de Ribamar Fiquene. O Conselho de Sentença absolveu o réu.
DUPLA EXECUÇÃO E TENTATIVA DE HOMICÍDIO DE CRIANÇA
O segundo julgamento, realizado no termo judiciário de Ribamar Fiquene em 16 de outubro, foi considerado o mais emblemático do mutirão. O Conselho de Sentença reconheceu a autoria e a materialidade de crimes de homicídio qualificado e tentativa de homicídio qualificado praticados com extrema violência por Carlos Vinícius Silva de Oliveira, vulgo “Sem Alma”, Nilana Cirqueira da Silva e Samuel Silva da Conceição Ferreira, o “Loirão”.
De acordo com a denúncia, em 16 de fevereiro de 2024, por volta das 23h, no município de Ribamar Fiquene, os três acusados, por motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa das vítimas, executaram o casal Cleyton Ferreira Matos e Rosângela Mendes Filho. O trio ainda tentou matar o filho pequeno do casal, de apenas três anos de idade. A criança sobreviveu graças ao rápido atendimento médico.
O julgamento durou cerca de 13 horas, sem interrupção, com ampla produção de provas e intensos debates entre a acusação e as defesas técnicas. Ao final, os três réus foram condenados. Este caso ganhou destaque e repercussão devido à brutalidade dos crimes e pela complexidade da instrução durante o processo. Ao final da sessão, o Conselho de Sentença decidiu, de forma soberana, pela condenação dos acusados, reconhecendo a autoria e a materialidade dos crimes de homicídio qualificado (duas vezes), tentativa de homicídio qualificado e porte e posse ilegal de arma de fogo. Carlos Vinícius recebeu a pena definitiva de 40 anos e quatro meses de prisão. Nilana recebeu a pena de 58 anos e quatro meses de reclusão e o terceiro réu, Samuel, recebeu a pena total de 58 anos e oito meses de prisão.
Na sentença proferida, o juiz destacou que foram aplicadas penas elevadas, proporcionais à extrema gravidade das condutas praticadas e ao impacto causado às vítimas e à comunidade. O magistrado também enfatizou a brutalidade dos atos e o total desprezo pela vida humana evidenciados durante a execução dos crimes, classificando o caso como um dos mais graves já submetidos ao Tribunal do Júri na região.

ABSOLVIÇÃO
O mutirão foi concluído com o julgamento de Wallison Santana, acusado de tentativa de feminicídio contra E. A. S., fato ocorrido em 12 de outubro de 2024, em Montes Altos. Ao final da sessão, o Conselho de Sentença decidiu pela absolvição de Wallison. “As sessões transcorreram com regularidade, observando todos os princípios constitucionais do devido processo legal, da ampla defesa e da soberania dos veredictos (...) A realização dos júris nos locais onde os crimes ocorreram aproximou o Judiciário da população e reforçou o papel do Tribunal do Júri como instrumento de cidadania e participação social”, pontuou Bruna Athayde.
Tanto a juíza quanto o juiz Rafael Sampaio destacaram que o mutirão simboliza a união de esforços entre unidades jurisdicionais vizinhas em prol da efetividade da Justiça. “A realização dos julgamentos nos próprios municípios onde os fatos ocorreram representa o compromisso do Judiciário com a sociedade e com a dignidade das vítimas (...) Com a conclusão do mutirão, o Tribunal de Justiça do Maranhão reafirma sua política de gestão participativa e eficiência jurisdicional, priorizando o julgamento de crimes contra a vida e fortalecendo o acesso à Justiça nas comarcas do interior do Estado”, finalizou.
Assessoria de Comunicação
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