No mês em que é celebrado o Dia das Mães, a campanha Saúde no Judiciário aborda a relação entre Maternidade e Saúde Mental, por meio da psicóloga Maria Adélia Paiva, da Divisão Psicossocial do TJMA.
Ela lembra da campanha denominada “Maio Furta-Cor” que visa sensibilizar a população para a causa da saúde mental materna, idealizada diante dos números alarmantes de adoecimento mental materno. “De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde mental abrange um estado de bem-estar que permite às pessoas lidarem com os estresses cotidianos, desenvolverem suas habilidades, trabalharem de forma eficaz e se integrarem ao ambiente”, observa.
A psicóloga pontua que, ainda hoje, persiste um estigma social em relação à saúde mental, especialmente no contexto da maternidade. “Esse estigma tem contribuído significativamente para o aumento dos casos de depressão, ansiedade e, infelizmente, suicídio entre as mães”, destaca.
Ela ressalta que outros fatores, como violência, desemprego e vulnerabilidade social também influenciam o sofrimento psicológico das mulheres diante das demandas da maternidade, o que evidencia a falta de atenção adequada aos fatores que contribuem para o adoecimento mental materno.
A campanha “Maio Furta-Cor” evidencia que a saúde mental materna transcende uma questão individual, sendo uma preocupação fundamental da saúde pública que diz respeito a toda a sociedade.
Para a psicóloga, combater o estigma em torno da saúde mental materna é crucial para garantir que as mães se sintam à vontade para buscar ajuda quando necessário, sem medo de serem julgadas pois, muitas vezes, elas se sentem envergonhadas ou culpadas por enfrentarem problemas emocionais durante a maternidade, o que pode dificultar a busca por ajuda.
Segundo o texto da Divisão Psicossocial do TJMA, é essencial criar um ambiente de compreensão e empatia, onde as mães se sintam confortáveis para falar sobre suas experiências e buscar apoio sem julgamento, assim como ter acesso a recursos e suporte adequados para cuidar de sua saúde mental. “Isso inclui acesso a serviços de saúde mental, apoio emocional de parceiros, familiares e amigos e a oportunidade de compartilhar experiências e desafios com outras mães em situações similares”, frisa.
Outro ponto levantado pela psicóloga Maria Adélia Paiva é a pressão social para ser uma mãe perfeita, equilibrar as demandas da vida familiar e profissional, lidar com as mudanças hormonais e físicas, além das preocupações com o bem-estar do filho, o que pode contribuir para o surgimento de um esgotamento emocional e físico.
“A cobrança social pode levar as mulheres a anularem suas escolhas, necessidades e vontades. Segundo Valeska Zanello, as mulheres aprendem a priorizar a demanda dos outros, em detrimento das próprias necessidades e de si mesmas, havendo uma naturalização das tarefas do cuidar (não apenas dos filhos, mas da casa, de idosos, de enfermos) como responsabilidade exclusivamente feminina. No entanto, o cuidado deve ser compartilhado e não atribuído unicamente às mulheres”, avalia.
A campanha alerta também para a existência de muitas visões distorcidas sobre o papel materno, que reforçam a crença em um único e idealizado modo de exercer a maternidade, o que causa impacto na saúde mental, gerando dor e sofrimento e levando as mulheres a vivenciarem o maternar com elevados níveis de exigência, cobranças, julgamentos e sentimentos de culpa, visões que desconsideram que cada mãe é única, possuindo características individuais e singulares.
O setor psicossocial alerta que é fundamental promover uma maternidade livre de estigmas e silenciamentos, proporcionando às mães escuta, empatia, presença e acolhimento, que envolve a construção de redes de cuidado e apoio que reconheçam a singularidade e as necessidades individuais de cada mãe, assim como a busca de apoio profissional é essencial para mulheres que enfrentam os desafios da sua jornada materna.
“Psicólogos, psiquiatras e outros profissionais de saúde mental oferecem não apenas orientação especializada, mas também um espaço seguro e sem julgamentos para que as mães expressem seus sentimentos e encontrem maneiras saudáveis de lidar com o estresse e as dificuldades”, ressalta o texto.
A psicóloga observa que “ampliar o olhar sobre a maternidade é urgente e necessário para que as próprias mães se reconheçam e se valorizem em seus papéis. Isso também envolve garantir que as políticas públicas e as estruturas sociais ofereçam suporte necessário para que possam exercer suas responsabilidades familiares, profissionais e pessoais”.
“Há um provérbio africano que diz “é preciso uma aldeia inteira para criar uma criança”. Esse provérbio reflete a verdade de que a maternidade não deve ser um caminho solitário. É fundamental que as mães tenham apoio emocional, prático e social ao longo de seu maternar. Isso pode incluir ajuda com os cuidados com os filhos, apoio emocional quando enfrentam desafios e simplesmente a presença de outros para compartilhar alegrias e preocupações”, conclui.
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