Simary - Analista Judiciária - Enfermeira TJMA
1 Introdução
Constantes acompanhamentos são necessários frente às últimas mudanças no perfil de adoecimento da população brasileira. A Dengue, febre do vírus Zika e Febre de Chikungunya com intensa disseminação têm assolado o país e grande parte da população desconhece suas principais manifestações clínicas, bem como sequelas graves e incapacitantes. Todas são transmitidas pelo mesmo mosquito. Por isso há a tão urgente necessidade de ser combatido.
2. Dengue
Doença febril aguda de amplo espectro clínico que pode evoluir desde formas leves até manifestações graves. É causada por um vírus de RNA que possui 4 sorotipos diferentes. A transmissão se dá pela picada do mosquito Aedes aegypti, podendo ser encontrados casos transmitidos por transmissão vertical (mãe – bebê) e por transfusão sanguínea.
Uma das primeiras manifestações da Dengue é a febre alta (39 a 40°C) que pode se estende do 2° ao 7° dia, acompanhada de dor de cabeça, dores musculares e articulares, fraqueza, dor em fundo de olhos, manchas avermelhadas e coceira na pele, falta de apetite, náuseas e vômitos. Serão considerados como sinal de alarme grandes alterações no exame de sangue (em plaquetas e hematócrito), sangramento de mucosas ou outras hemorragias, dor abdominal intensa, vômitos persistentes, quedas de pressão ao se por em pé, acúmulo de líquidos, dor abdominal intensa e vômitos persistentes.
São sinais de choque: queda intensa de pressão arterial, extremidades frias e levemente arroxeadas e pulso rápido e fino. Alguns pacientes apresentam ainda manifestações neurológicas como convulsões e irritabilidade. O choque pode levar ao óbito num intervalo de 12 a 24 horas se não for tratado adequadamente. Choque prolongado associado à hipoperfusão de órgãos vitais, pode levar a hemorragias graves e morte.
3. Febre do vírus Zika
Estima-se que somente 18% das infecções pelo vírus resultam em manifestações clínicas, sendo mais frequente a infecção assintomática. É uma doença febril aguda, ocasiona febre baixa, dor muscular e nas articulações, manchas avermelhadas pelo corpo, dor de cabeça, vermelhidão nos olhos, tosse seca, alterações gastrintestinais como vômitos. O desaparecimento dos sintomas pode ser ocorrer entre 3 a 7 dias após o seu início. Entretando a dor nas articulações pode persistir por 1 mês. Recentemente, também foi observada possível corelação entre a infecção pelo vírus Zika e a síndrome de Guillain-Barré (doença autoimune desenvolvida quando o sistema imunológico que ataca o próprio sistema nervoso por engano, produzindo inflamação dos nervos e fraqueza muscular). Estudos epidemiológicos recentes reforçam a relação entre recém nascido vivo, natimorto, abortamento ou feto com microcefalia e/ou malformação do Sistema Nervoso Central.
4. Febre de Chikungunya
O nome “Chikungunya” deriva de uma palavra originária do sudeste da Tanzânia e que significa “curvar-se ou tornar-se contorcido”, descrevendo a postura adotada pelo paciente devido a dores intensas nas articulações.
É uma doença febril produzida pelo vírus Chikungunya transmitido pela picada do mosquito Aeds aegypti e desenvolve determinados tipos de manifestação da doença como formas agudas, subagudas, crônicas e algumas formas graves e atípicas. Há relatos de transmissão vertical (mãe-bebê) e por meios transfusionais, sendo predominantemente transmitida pelo mosquito. Porém, nem todas as pessoas infectadas desenvolvem a doença.
A fase aguda começa com febre alta, dor de cabeça, dor muscular e dor articular intensa, náuseas, vômitos, inflamação das articulações e conjuntivite.
Na fase subaguda, de dois a três meses da doença, a maioria dos sintomas desaparece, persistindo a dor nas articulações. Podem estar presentes ainda a fraqueza, coceira generalizado e manchas avermelhadas na pele, nas regiões de tronco, membros, palma das mãos e pés. Alguns pacientes desenvolvem ainda nessa fase a fadiga e sintomas depressivos.
Se a doença se prolongar por mais de três meses, considera-se que a doença evoluiu para a fase crônica da doença. Os sintomas são definidos por manifestações inflamatórias articulares e musculoesqueléticos persistentes nas mesmas articulações atingidas na fase aguda, caracterizado por dor, edema, limitação de movimento e deformidade. Podem ocorrer ainda nesta fase, distúrbios do sono, alterações cerebelares, alterações de memória, déficit de atenção, alteração do humor e depressão. A fase crônica pode atingir mais da metade da população infectadada pelo vírus Chukungunya.
Formas atípicas da doença são experimentadas por menos de 5% da população atingida pelo vírus. Sua principal manifestação é a convulsão, porém possui vários outras complicações, dentre as quais citam-se também a síndrome de Guillain–Barré (doença autoimune desenvolvida quando o sistema imunológico ataca o próprio sistema nervoso por engano, produzindo inflamação dos nervos e fraqueza muscular).
Tabela 1 - Principais sinais e sintomas entre Dengue, Zika e Chikungunya:
Sinais/ sintomas |
Dengue |
Zika |
Chikungunya |
Febre (duração) |
Acima de 38°C (4 a 7 dias) |
Sem febre ou subfebril 38°C (1 a 2 dias subfebril) |
Febre alta > 38°C (2 a 3 dias) |
Manchas na pele (frequência) |
A partir do 4° dia (30 a 50% dos casos) |
Surge no 1° ou 2°dia (90 a 100% dos casos) |
Surge 2 a 5 dias (50% dos casos) |
Dor nos músculos (frequência) |
+++/+++ |
++/+++ |
+/+++ |
Dor na articulação (frequência) |
+/+++ |
++/+++ |
+++/+++ |
Intensidade da dor articular |
Leve |
Leve/moderada |
Moderada/Intensa |
Edema de articulação |
Raro |
Frequente e leve intensidade |
Frequente e de moderado a intenso |
Conjuntivite |
Raro |
50 a 90% dos casos |
30% |
Dor de cabeça (frequência e intensidade) |
+++ |
++ |
++ |
Coceira |
Leve |
Moderada a intensa |
Leve |
Hipertrofia ganglionar (frequência) |
Leve |
Intensa |
Moderada |
Discrasia hemorrágica (frequência) |
Moderada |
Ausente |
Leve |
Acometimento neurológico |
Raro |
Mais frequente que Dengue e Chikungunya |
Raro (predominante em Neonatos) |
Fonte: Carlos Brito – Professor da Universidade Federal de Pernambuco
5. Recomenda-se:
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É importante não permitir que o mosquito se reproduza. Aconselha-se dar atenção ao manejo ambiental, mudanças no meio ambiente que impeçam a propagação do mosquito como não deixar água acumulada, tampar caixas d’água, destinar o lixo para locais adequados, desobstruir calhas e aplicar tela em portas e janelas, promover o saneamento domiciliar;
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Adotar inspeções periódicas e sequenciais imediatamente após a incidência de chuvas, a fim de não permitir acúmulo de água parada e impedir o criadouro para futuros mosquitos;
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Como medidas individuais, o uso de relentes é aconselhável. Borrifação de inseticidas ou uso de produtos sem aditivos químicos como raquetes ou mosquiteiros.
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No caso específico de gestantes, além das medidas anteriores, aconselha-se:
a) Manter o acompanhamento pré-natal e evitar o contato com pessoas com febres, manchas na pele e infecções;
b) Uso de calças e camisas compridas com aplicação prévia de relepentes;