Propostas feitas pela Escola Superior da Magistratura Estadual do Maranhão (ESMAM) foram aprovadas e enviadas às lideranças dos países-membros do G20, que se reuniu no Rio de Janeiro nos dias 18 e 19/11, com o objetivo de discutir ações globais coordenadas, nas áreas de economia, meio ambiente e inclusão social.
Duas propostas foram elaboradas por integrantes do Núcleo de Estudos Avançados em Execução Penal da Escola, coordenado pela juíza Mirella Cezar Feitas, titular da 2ª Vara de Itapecuru-Mirim, comarca maranhense que tem nome indígena (“Caminho de pedras miúdas”) integra o quinto município brasileiro com maior número de comunidades quilombolas do país.
Se aprovadas, poderão ser reproduzidas em nível internacional. A primeira proposta (16) busca “identificar as mulheres indígenas, transexuais, quilombolas, periferia e ribeirinhas em privação de liberdade (durante a execução da pena) e proporcionar a preservação dos seus costumes, culturas e saberes ancestrais ao longo dos tempos”.
MULHERES INDÍGENAS E QUILOMBOLAS
A outra proposta (17) é “promover a abordagem restaurativa para criar espaço seguro de fala genuína, com escuta atenta e ativa das mulheres impactadas, com valorização das suas demandas e particularidades”. Isso em ambiente favorável e que se aproxime ao máximo das práticas ancestrais dos povos tribais de todo o mundo.
As propostas foram discutidas, votadas e aprovadas durante o evento “TJRJ no G20”, no qual a juíza maranhense participou do painel “Mudanças Climáticas, Gênero e o Impacto para Mulheres Indígenas e Quilombolas", realizado no dia 12 de novembro, no Rio de Janeiro, sede da reunião dos países do G20.
Em seguida, a desembargadora Adriana Ramos de Melo, coordenadora do TJRJ no G20, encaminhou as propostas para o governo brasileiro, para serem apresentadas às lideranças do G20,
ECOFEMINISMO
Em sua fala no evento, a juíza destacou que muitos avanços legais comemorados decorrem de retrocessos humanitários, que precisam ser repensados. “A sociedade precisa se humanizar e não se legalizar”, disse.
Mirella Freitas também falou sobre o “ecofeminismo", movimento que une o feminismo ao ambientalismo, que demonstra como a opressão das mulheres e a exploração ambiental têm raízes comuns no “patriarcado” e no capitalismo.
Segundo a juíza crises ambientais afetam, de forma desproporcional, as mulheres em contextos vulneráveis e defende uma ética de cuidados que promova a igualdade de gênero e Justiça ambiental, visando uma relação mais respeitosa e equilibrada com a natureza.
“Quando acontecem desastres climáticos, crises de água, escassez de recursos, são geralmente as mulheres, especialmente as indígenas, quilombolas e ribeirinhas que enfrentam as consequências mais duras, pois muitas vezes estão na linha de frente do cuidado comunitário e da gestão familiar”, declarou a juíza.
Assessoria de Comunicação
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