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“Quem nunca sofreu com aftas, não saberá entender o desconforto associado a essas lesões na mucosa da cavidade bucal”, avalia Taissa Leite, da Divisão Odontológica do Tribunal de Justiça do Maranhão, na edição desta semana da campanha Saúde no Judiciário.

A odontóloga conta que é certo que, na rotina diária da odontologia, a afta é considerada uma condição comum, caracterizada por uma pequena úlcera (ferida) rasa, que aparece mais comumente na gengiva e nas mucosas das bochechas, dos lábios e abaixo da língua, e cuja evolução normalmente resulta em dor e dificuldade para se alimentar.

Taissa Leite explica que ainda não se sabe ao certo o que provoca o aparecimento de aftas, mas já está cientificamente esclarecido que as aftas são caracterizadas por um processo de autodestruição dos tecidos da mucosa bucal da área afetada, por células de defesa do próprio organismo, numa espécie de reação autoimune.

Acrescenta que uma variedade de fatores isolados ou em conjunto podem estar associados a essa espécie de “autodestruição” da mucosa bucal que resulta na formação das lesões de afta, dentre eles: traumatismos na mucosa (como durante a escovação ou com alimentos duros); predisposição genética (herança); alterações hormonais; reações alérgicas a alimentos e ao creme dental; efeito colateral do uso prolongado de medicações; doenças inflamatórias do sistema digestivo; refluxo gastroesofágico; sistema imunológico debilitado; carência de vitaminas e, ainda, o estresse emocional e a ansiedade.

“Clinicamente, reconhecemos a afta como uma lesão de úlcera com formato arredondado ou ovalado, de contorno avermelhado, típico de processo inflamatório, com a parte central em uma tonalidade que varia do esbranquiçado ao amarelado e sem pus. É mais comum a ocorrência de uma única lesão isolada, mas há casos em que as aftas são múltiplas e com tamanhos variados, e que, se estiverem próximas, podem se agrupar, formando uma única lesão bem ampla e muito dolorida”, conta a dentista.

BENIGNAS

Independentemente do tamanho – prossegue Taissa Leite –, as aftas são lesões benignas, não transmissíveis, autolimitadas e que, de um modo geral, têm um ciclo de 14 dias de duração. Sintomas como ardor ou queimação na área afetada são relatados dias antes da afta surgir. Dor, dificuldade de falar e de deglutir alimentos ou líquidos (especialmente os ácidos) são sintomas que aparecem com a progressão da lesão.

A profissional da Divisão Odontológica relata que, como não há um fator causal específico relacionado à ocorrência de aftas, e por serem lesões que se resolvem espontaneamente com o passar dos dias, o tratamento está voltado especialmente para a melhora da sintomatologia dolorosa e da qualidade de vida dos pacientes.

“Aftas pequenas, normalmente, não requerem qualquer tipo de tratamento medicamentoso local, porque, em geral, seguem seu curso normal, causando pouco desconforto e cicatrizando espontaneamente em menos de duas semanas. Para aftas maiores, que causam muita dor e dificuldade para deglutir, pode-se recorrer ao tratamento sintomático com a prescrição de bochechos com medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios, bem como a aplicação de pomadas que auxiliam na proteção superficial da lesão e que podem acelerar a cicatrização”, ensina.

MEDIDAS

A odontóloga aponta algumas medidas simples que podem ser adotadas para melhorar o curso de evolução das lesões de afta: evitar alimentos ácidos ou muito condimentados, porque eles são irritantes para a mucosa; manter uma boa higienização bucal para evitar a contaminação bacteriana da lesão; higienizar suavemente a área da afta para não gerar mais traumatismo na região.

“É importante destacar que há uma infinidade de ‘sugestões’ de tratamentos caseiros para ‘fazer as aftas secarem’, como aplicação de substâncias ácidas, sal, bicarbonato de sódio, álcool, dentre outras. Tais condutas não têm qualquer aval científico e causam agressão e danos a porções mais profundas da mucosa bucal. Portanto, na ocorrência de aftas ou de qualquer lesão bucal que lhe cause alguma estranheza ou preocupação, consulte um cirurgião-dentista”, alerta a dentista.

“Certamente, você passará por uma anamnese (entrevista) na tentativa de encontrar o fator desencadeante para a sua situação, será devidamente orientado, receberá as prescrições medicamentosas para o seu caso (se necessário) e terá um acompanhamento adequado da evolução dessas lesões”, finaliza.

Agência TJMA de Notícias
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