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Campanha alerta sobre riscos de uso e abuso de álcool e substâncias

Psicólogo Railson Rodrigues, da Divisão Psicossocial do TJMA, adverte que, mesmo para fins medicinais, o limite entre o uso, o abuso ou a dependência é bastante delicado

19/02/2024
Ascom/TJMA

A campanha Saúde no Judiciário desta semana alerta para os riscos de uso, abuso e dependência de álcool e outras substâncias psicoativas. Desta vez, o psicólogo Raílson de Oliveira Rodrigues, da Divisão Psicossocial do Tribunal de Justiça do Maranhão, adverte que, mesmo para fins medicinais, o limite entre o uso, o abuso ou a dependência é bastante delicado.

“Como sempre digo: a linha é tênue e invisível. E saber quando se ultrapassou, é uma tarefa extremamente difícil”, reforça o psicólogo.

De acordo com o profissional, a humanidade sempre conviveu e fez uso de substâncias psicoativas em seu processo evolutivo. Desde para uso medicinal, religioso ou recreativo, habituou-se ao uso de substâncias em cada etapa de evolução histórica.

Ele explica que identificar a dependência química é desafiador, pois os sinais podem variar, de pessoa para pessoa, e dependem do tipo de substância envolvida. Todavia, existem alguns padrões gerais de comportamento e sinais físicos e emocionais que podem indicar a presença de dependência química.

COMO IDENTIFICAR

Railson Rodrigues esclarece como identificar o alcoolismo e a dependência química, de acordo com as seguintes condições:

1 – Mudanças de comportamento: queda no rendimento escolar ou no trabalho; alterações no sono e apetite; mudanças de círculos de amigos ou isolamento social; comportamento defensivo, tornando-se evasiva ou irritada quando questionada sobre essas mudanças ou se faz uso de alguma substância.

2 – Sinais físicos: perda ou ganho de peso inexplicado; problemas de saúde, como tosse persistente; olhos sempre vermelhos ou dilatados; congestão ou irritabilidade nasal recorrente; tremores, tonturas, quedas, vertigens; desleixo com a higiene pessoal e outros.

3 – Mudanças emocionais: oscilação de humor, irritabilidade ou agressividade; depressão ou ansiedade; falta de motivação e interesse pela vida em geral.

4 – Sinais financeiros: gastos excessivos; frequência incomum em festas e eventos; falta de dinheiro para o básico; venda de bens recorrente e por baixo valor.

5 – Negligência com responsabilidades: faltas no trabalho ou na escola; descuido no cuidado com a família.

6 – Sinais de tolerância e abstinência: consumo aumentado; falta de limite para parar com o uso; associação direta do lazer com a substância; alterações físicas, de humor quando não pode ou não quer mais consumir a substância; e o principal: falhas recorrentes na tentativa de reduzir ou parar o consumo.

COMO AJUDAR

Em seguida, o psicólogo enumera situações sobre como ajudar a tratar a dependência de álcool e outras substâncias psicoativas.

“A dependência química é um problema complexo que afeta não apenas o indivíduo dependente, mas também suas relações familiares e sociais. Para ajudar, listamos algumas pequenas orientações”, relata Railson Rodrigues.

1 – Eduque-se: entenda melhor sobre o problema, sintomas e tratamentos disponíveis. Quanto mais se souber, mais eficaz será sua ajuda.

2 – Abordagem compassiva: é necessário ter empatia sobre o problema. Alcoolismo e dependência química é uma doença. Não falta de deus, caráter, ou crime.

3 – Incentivo à busca de ajuda profissional: profissionais como psicólogos e psiquiatras são habilitados a lidar com esse transtorno.

4 – Procure centros de tratamento especializado: clínicas, centros de reabilitação oferecem tratamento específico para cada caso. As internações são o último recurso; não tenha medo de ir ou de levar alguém nesse quadro para um centro de saúde ou clínica especializada. E se for necessária internação, tranquilize que sempre é transitório e que após alta o convivo social é preservado.

5 – Participar de grupos de apoio: grupos como AA (Alcoólicos Anônimos) ou NA (Narcóticos Anônimos) são locais valiosos de ajuda e de compartilhamento de experiências. Incentive a pessoa a participar.

6 – Estabeleça limites de segurança: ao mesmo tempo que oferece apoio e empatia, é necessário estabelecer limites e não permitir comportamentos destrutivos ou danosos causados pela dependência.

7 – Cuide da sua saúde emocional: lidar com alcoolista e/ou dependente químico é muito desgastante. Cuide-se para manter-se bem e encoraje o dependente a fazer o mesmo.

8 – Promova um ambiente saudável: evite lugares, pessoas ou situações que possam associar ao uso e faça o máximo a criar um ambiente harmonioso e de paz.

9 – Esteja preparado para recaídas: a recuperação nem sempre é um processo linear e a quedas acontecem. Não desista e ofereça apoio contínuo e incentivo a continuar no tratamento.

COMO PREVENIR

Por fim, o psicólogo dá dicas sobre como prevenir o alcoolismo e a dependência química:

1 – Educação sobre substâncias: proporcione informações sobre efeitos, riscos e consequências destas substâncias. Não falar sobre o assunto, não inibe a curiosidade sobre elas.

2 – Construção de habilidades de vida: sempre que puder, ajude as pessoas (principalmente as mais jovens) a desenvolver habilidades de enfrentamento, resolução de problemas, habilidades sociais. Isso pode fortalecer as capacidades de lidar com estresse e desafios da vida, sem recorrer ao uso de substâncias para “ajudar a passar por uma fase difícil”.

3 – Fortalecimento de vínculos familiares: crie memórias afetivas e mantenha as relações familiares com laços positivos e com comunicação aberta.

4 – Promoção de atividades saudáveis: hábitos de vida saudáveis, atividades ao ar livre, contato com a natureza, participação em atividades de grupo, hobbies, arte, esporte, cultura, música – tudo isso contribui de sobremaneira a reduzir o tédio e ampliar a visão de mundo sobre a vida.

5 – Desenvolvimento da autoestima: incentivo à autoaceitação e ao reconhecimento de suas qualidades e defeitos ajudam muito a lidar com as pressões sociais e não necessidade de validação constante pelo outro.

6 – Acesso a recursos de saúde mental: promova a terapia.

7 – Monitoramento: saiba o que seus filhos, companheiros e familiares estão fazendo, com quem estão andando, onde estão frequentando. Esteja ciente do que os cerca.

8 – Políticas e programas de prevenção: apoie e participe de programas comunitários, escolares, governamentais e outros. Esteja junto nas campanhas de prevenção à dependência química.

9 – Intervenção precoce: ao primeiro sinal de alerta, intervenha rapidamente. Fique atento aos sinais de mudança de comportamento e indague, questione, observe e reitere cada passo para que note que realmente não há indícios de dependência química.

“Lembrem-se que a abordagem sobre identificação, tratamento e prevenção ao alcoolismo e dependência química é multifacetada e pode variar de acordo com a idade, o ambiente e as situações individuais. No Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, há equipe qualificada e pronta para atendimento, orientação e apoio para enfrentamento e superação deste problema de saúde”, finaliza o psicólogo Railson Rodrigues.

Agência TJMA de Notícias
asscom@tjma.jus.br

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