O Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) promoveu, nesta quinta-feira (6/11), o 9º Encontro de Assistentes Sociais e Psicólogos, reunindo profissionais das duas áreas para discutir um tema emergente e desafiador: “Sistema de Justiça e Inteligência Artificial: desafios para o Serviço Social e a Psicologia”. O evento foi realizado no Auditório Madalena Serejo, no Fórum Des. Sarney Costa, em São Luís, e contou com mesa-redonda, minicursos e plenária final.
A abertura reuniu autoridades e representantes das categorias, entre eles a juíza Andréa Furtado Perlmutter Lago, diretora do Fórum de São Luís; o juiz Ferdinando Marco Gomes Serejo; a presidenta do Conselho Regional de Psicologia (CRP/22ª-MA), Ana Letícia Barbosa Lima; e a vice-presidenta do Conselho Regional de Serviço Social (CRESS/2ª-MA), Marizângela Ribeiro Taveira.
SUPORTE
Primeiro palestrante do encontro, o juiz Ferdinando Serejo chamou atenção para o uso responsável e crítico das ferramentas de Inteligência Artificial nas rotinas do Sistema de Justiça. Segundo ele, a tecnologia pode contribuir para otimizar o trabalho, mas nunca deve substituir o raciocínio humano.

Juiz Ferdinando Serejo
O ChatGPT serve pra redigir você, mas não serve para te dar respostas exatas. A IA é um suporte, ela não vai substituir você. Precisamos tomar cuidado com o uso do ChatGPT porque ele pode desvalorizar o profissional, alertou.
O magistrado destacou que o uso adequado da IA inclui tarefas como sugerir redações e reorganizações textuais, aprimorar gramática e estilo, traduzir conteúdos, extrair dados de documentos extensos e auxiliar em análises específicas — sempre com supervisão crítica e responsabilidade ética.
Decisões judiciais, pareceres e avaliações psicossociais são atividades que dependem de análise humana qualificada, reforçou.
ÉTICA E ATUALIZAÇÃO
A psicóloga Dra. Laura Soares abordou a necessidade de atualização constante dos profissionais diante do avanço tecnológico e das mudanças nas formas de atuação no Judiciário. Ela destacou que o debate sobre IA já vem sendo aprofundado em sua trajetória acadêmica.

Psicóloga Laura Soares
O avanço da inteligência artificial no Judiciário e como isso se reflete na atuação do psicólogo jurídico é um tema que venho trabalhando desde o pós-doutorado, no âmbito do Direito, na PUC-Minas. Organizei um livro com esse tema, reunindo profissionais da Psicologia de várias áreas. É uma forma de pensarmos coletivamente como enfrentar esses avanços, preservando nossa atuação ética, técnica e politicamente engajada, afirmou.
LIMITES
Encerrando a mesa de debates, a assistente social Dra. Sílvia Tejadas discutiu as implicações do uso da IA no Serviço Social, especialmente dentro do Judiciário. Ela destacou que, embora as ferramentas tecnológicas possam agilizar processos e pesquisas, também ampliam riscos éticos.

Assistente Social Sílvia Tejadas
Ao mesmo tempo em que a IA se apresenta como possibilidade de aceleração de entregas, ela também traz riscos éticos relacionados à reprodução de vieses preconceituosos e discriminatórios, quanto a raça, gênero e idade, pontuou.
A especialista também foi categórica ao delimitar os campos em que a IA pode ou não atuar:
Talvez possamos pensar na IA para atividades administrativas ou de pesquisa, mas não para elaboração de parecer ou estudo social, porque isso é uma atribuição precípua da profissão e exige cuidados éticos rigorosos.
PROGRAMAÇÃO
O encontro prossegue nesta sexta-feira (7/11), com minicursos voltados às equipes de Serviço Social e Psicologia e, no período da tarde, com a plenária final, destinada ao compartilhamento das discussões e à formulação de proposições sobre o uso ético e responsável da Inteligência Artificial no âmbito das equipes psicossociais do TJMA.
VEJA O ÁLBUM DO EVENTO (com fotos de Luís Marcelo - Asscom COGEX)
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