Segundo o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, cerca de 93% das crianças brasileiras têm acesso à internet e o TikTok é a principal rede social utilizada por crianças e adolescentes no Brasil. O uso indiscriminado das plataformas digital, em especial, o popular TikTok, foi pauta do encerramento do Fórum Nacional de Combate ao Tráfico de Pessoas e ao Trabalho Escravo (Fontet), em um debate sobre como a indústria da tecnologia pode impactar no avanço do trabalho infantil.
O tema “Trabalho Infantil e Indústria Tech: Indústria de Games e Inteligência Artificial”, foi discutido pela jornalista investigativa do Repórter Brasil e especialista em direitos humanos, Isabel Harari, e a juíza coordenadora de Combate ao Trabalho Infantil e de Promoção e Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes do Ministério Público do Trabalho do Paraná, Luísa Carvalho Rodrigues.
Mediado pela juíza do Tibunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS) e gestora nacional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil da Justiça do Trabalho, Gabriela Lenz de Lacerda, as palestrantes debateram sobre os desafios do sistema de Justiça no enfretamento às graves violações de direitos humanos das crianças.
“Nós sempre expressamos a necessidade de combater o trabalho infantil, que tem grande interlocução com o trabalho escravo, entretanto precisamos reafirmar e reforçar essa discussão pensando no ambiente digital”, expressou a juíza.
A jornalista abordou as formas de aliciamento no ambiente digital, já a juíza se amparou no código civil e destacou os protocolos para a atuação de julgamento na gestão do trabalho, em especial capítulos relacionados à publicidade infantil e trabalho nos ambientes digitais. Durante o debate foi reafirmada a importância da implementação de mecanismos de verificação etária nas plataformas digitais para proteger crianças e adolescentes de violações.
Estiveram presentes as conselheiras e os conselheiros do CNJ, Daniela Madeira, Renata Gil, Ulisses Rabaneda, Guilherme Feliciano e Alexandre Teixeira de Freitas Bastos.
FONTET EFETIVO E PARTICIPATIVO
Em um segundo momento da tarde de encerramento do evento, os presentes reuniram-se em grupos para discutir temas como trabalho infantil, exploração sexual, trabalho análogo à escravidão doméstico, entre outros.
Cada grupo recebeu um caso específico relacionado ao trabalho escravo e exploração do trabalho. As equipes trabalharam com facilitadores, que apresentaram o caso concreto e as diretrizes para orientar o debate sobre esses casos e elaborar uma possível resolução para os desafios apresentados.
Após a discussão, os grupos escolheram um representante para apresentar as diretrizes. Para a juíza Maria Odete Araújo, integrante do Comitê Nacional do Fontet a troca de experiências promove um ambiente mais integrado e participativo. “A partir desses debates de cada um desses grupos será possível construir um Fontet mais efetivo, que é exatamente o motivo que a gente está aqui, debater e construir um Fontet ainda mais efetivo para as questões de direitos humanos e no combate ao trabalho escravo, trabalho infantil, exploração sexual”, disse.
CARTA DE SÃO LUÍS
Após os debates, o conselheiro do CNJ Alexandre Bastos, realizou a leitura da “Carta São Luís” do Fórum Nacional do Poder Judiciário para o Combate ao Trabalho em Condições Análogas à de Escravo e ao Tráfico de Pessoas (FONTET).
O documento expressa o compromisso com a erradicação dessas graves violações de direitos humanos e apresenta providências a serem adotadas para avançar no enfrentamento à questão, como superar os estigmas de impunidade e naturalização do trabalho forçado, aperfeiçoar a Resolução CNJ nº 212/2015 para reconhecer a interseção entre trabalho escravo, tráfico de pessoas, exploração sexual, entre outros fatores.
O conselheiro Alexandre Teixeira de Freitas Bastos encerrou o momento com um agradecimento e um chamado para a ação.
“Eu tenho muito orgulho de estar entre vocês nesses dois dias de intensos e riquíssimos debates. Tivemos uma participação absolutamente comprometida de todas e todos os integrantes. Em nome do Conselho Nacional de Justiça, eu agradeço a participação ativa de vocês que nos acompanharam e tenho certeza que foi extremamente proveitoso para todos nós”, frisou.
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