Profissionais de nível superior que atuam em áreas especializadas do Tribunal de Justiça do Maranhão participaram, nesta segunda-feira (29/9), da III Jornada de Analistas Judiciários, realizada no Auditório Madalena Serejo, no Fórum de São Luís, com transmissão ao vivo pelo canal EAD ESMAM no Youtube. Com o tema “Saúde Mental no Trabalho: impactos e promoção de um ambiente saudável”, o evento reuniu servidores(as) para refletir sobre os desafios psicossociais da rotina laboral e discutir caminhos de autocuidado e fortalecimento de vínculos no espaço institucional.
A jornada foi promovida pela Associação dos Analistas Judiciários (Anajud-MA), em alusão ao Dia do Analista Judiciário Estadual (28 de setembro) e aos 12 anos de fundação da entidade, com apoio da Escola Superior da Magistratura do Maranhão (ESMAM). Atualmente, o TJMA conta com cerca de 700 analistas judiciários, distribuídos em 29 áreas de atuação, o que representa 17% do quadro efetivo de servidores(as).
O corregedor-geral de Justiça, desembargador José Luís de Almeida, abriu o evento ressaltando a relevância do tema e a contribuição dos(as) analistas para o desempenho do Judiciário. Ao refletir sobre o papel da liderança na saúde mental, fez questão de frisar: “Quando o chefe é arrogante e prepotente, o ambiente se torna tóxico, contamina os liderados e vai adoecendo todos que nele convivem. É preciso consolidar ambientes saudáveis, porque isso impacta diretamente na vida de cada servidor”.
INTEGRAÇÃO
Em seguida, o vice-presidente do Sindicato dos Servidores do Judiciário do Maranhão (Sindjus-MA), Fagner Damasceno, parabenizou os(as) analistas e destacou o papel essencial da categoria para uma jsutiça mais eficaz. “Seria redundante falar da importância da participação do analista no sistema que antecede a decisão do magistrado. Isso se comprova diariamente e em resultados concretos, como o selo Diamante, em discussão para 2025, que também carrega a digital dos analistas. O sindicato é de todos – auxiliares, técnicos, oficiais de justiça, comissários e, claro, dos analistas. Parabéns a todos pelo trabalho desempenhado na prestação jurisdicional”, concluiu.
O presidente da Anajud, Carlos Belo, reforçou a necessidade de união entre associações e entidades representativas do Judiciário para fortalecer pautas coletivas e disse que a Anajud não deve se desassociar do sindicato, da Asfujema e de outras associações do tribunal. Quando os pedidos são feitos de forma conjunta, eles ganham mais força. Vamos iniciar visitas institucionais para apresentar a nova diretoria e estreitar laços com nossos colegas", reforçou.
Segundo Belo, no ano passado o foco foi a inteligência artificial e, neste ano, a saúde mental foi escolhida como prioridade, em resposta às demandas percebidas no dia a dia do Judiciário e ressaltou ainda a relevância de trazer especialistas que atuam dentro do próprio tribunal. "Escolhemos o tema saúde mental porque sabemos que muitos servidores enfrentam dificuldades nessa área. Trouxemos especialistas da casa justamente por conhecerem de perto essa realidade. Eu mesmo já enfrentei crises de ansiedade, e sei que isso é comum entre nós. Falar sobre o problema é um passo importante para buscar soluções coletivas”, enfatizou.
Também participaram da abertura a juíza Andréa Permutter (diretora do Fórum de São Luís) e a analista judiciária Leoneide Martins (diretora-geral da Anajud).
LIDERANÇA E AMBIENTE SAUDÁVEL
As palestras da manhã foram ministradas por Talita Serra Tobias de Souza (foto em destaque), médica psiquiatra do TJMA, com especialização em Psiquiatria pelo Hospital de Base de Brasília e atuação destacada em saúde mental da infância e adolescência, e por Ingrid Fernandes Rodrigues, psicóloga do TJMA, com experiência clínica e formação em Gestalt-terapia, que trouxe contribuições sobre os aspectos emocionais e subjetivos do envelhecimento.
Ao abrir o primeiro painel da jornanda, Talita Souza ampliou a reflexão para além da esfera individual, defendendo que a construção de um ambiente saudável exige corresponsabilidade. “Saúde mental no trabalho é um tema vasto. Precisaríamos de vários dias e vários segmentos para dar conta. Cada um tem um papel – analistas, gestores, equipes, instituição. Não venho trazer soluções prontas, porque elas não existem. Mas precisamos pensar juntos: o que é possível melhorar, como indivíduos e como organização?”, pontuou.
Ingrid Rodrigues destacou que os fatores que afetam a saúde mental dos servidores são múltiplos – desde a pressão cotidiana, passando pelos relacionamentos interpessoais e pela falta de hábitos saudáveis. “Tudo isso já forma um combo gigantesco de dificuldades. Mas a ideia é trazer o problema e pensar: o que cada um de nós pode fazer para melhorar sua relação com o trabalho? Porque o trabalho, quando bem vivido, é um recurso terapêutico. Se eu vivo melhor, trabalho melhor. E se trabalho melhor, vivo melhor”, afirmou.
Ingrid Rodrigues
A mesa foi mediada pelo analista judiciário Saulo Carneiro de Oliveira (direito), que conduziu os debates e incentivou a participação do público.
Também participaram da abertura a juíza Andréa Permutter (diretora do Fórum de São Luís) e a analista judiciária Leoneide Martins (diretora-geral da Anajud).
O FUTURO DO TRABALHO
O evento prosseguiu na tarde de segunda-feira, com a participação da psicóloga Caroline Serra, que tratou sobre o tema "Saúde Mental no Trabalho". consultora em gestão de pessoas e docente na área de Psicologia Organizacional e do Trabalho, ela abordou sobre a crescente preocupação com a saúde mental no Brasil, citando um aumento de 67% nos afastamentos por transtornos mentais em 2024, e argumentou que o adoecimento psíquico é um problema ligado a "estruturas sistêmicas" do mundo do trabalho.
Em uma apresentação detalhada, a psicóloga apresentou o panorama atual, definindo a saúde mental no trabalho em termos de bem-estar e a busca por integridade. Caroline Serra explorou a relação entre o trabalho (organização e condições) e a saúde, citando autores como Dejours. Ao finalizar sua fala, listou os riscos psicossociais no ambiente de trabalho e propõs uma série de medidas preventivas e boas práticas, como a capacitação de lideranças e a flexibilização da jornada, para promover um ambiente saudável.
Eliandro Araújo e Caroline Serra
Complementando o tema anterior, o analista Eliandro Rômulo Araújo (psicólogo) abordou sobre as complexas consequências do estigma e do sofrimento silencioso para os colaboradores e a produtividade organizacional. Ele identificou condições de trabalho prejudiciais, como pressão excessiva e falta de reconhecimento, que fragilizam a saúde mental, resultando em estresse e burnout.
Entre as estratégias organizacionais consideradas eficazes por Araújo, estão a criação de um ambiente psicologicamente seguro, o combate ativo ao estigma e a flexibilização de jornadas, para transformar o ambiente corporativo. "A construção de ambientes mais saudáveis e sustentáveis é um imperativo para o futuro. O futuro do trabalho será definido não apenas pela tecnologia, mas pela nossa capacidade de cuidar da saúde mental e bem-estar de cada pessoa", enfatizou.
O psicólogo do TJMA tratou ainda sobre os processos de gestão de pessoas no TJMA e os projetos implantados pela Diretoria de Recursos Humanos para otimização do clima organizacional e de apoio à saúde mental no ambiente de trabalho.
INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA
Ao final da jornada, a analista Célia Regina Silva (contadora), diretora de Arrecadação, Fiscalização e Compensação do TJMA, demonstrou como os recursos arrecadados pelo TJMA, através do FERJ, são aplicados estrategicamente em tecnologia, infraestrutura e capacitação voltadas ao aprimoramento de pessoal e também do ambiente de trabalho, investimentos que, na opinião da diretora, impactam também na qualidade da saúde e do ambiente laboral.
Célia Regina Silva
Entre os investimentos listados estão os programas de capacitação para membros e servidores, mantendo-os atualizados com as melhores práticas; tecnologias avançadas para aumentar a eficiência e a segurança dos serviços judiciais; desenvolvimento de sistemas que revolucionam os procedimentos judiciais, como os processos eletrônicos; implementação de protocolos para proteger dados sensíveis e garantir a integridade processual; financiamento de projetos para construir e expandir instalações judiciais, aumentando a capacidade de atendimento; modernização de prédios existentes para adequá-los a padrões contemporâneos de eficiência, entre outros recursos.
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Fone: (98) 2055-2800
Assista à Jornada completa no Canal EAD ESMAM no Youtube:
Confira o álbum completo do evento, com fotos de Josy Lord (Asscom CGJ-MA)
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