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Escuta Ativa do TJMA oferece serviços gratuitos a povos indígenas de Grajaú

Cogex e Ferj realizaram 50 atendimentos do Projeto Registro Cidadão no primeiro dia do programa de cidadania e conciliação do Tribunal e órgãos parceiros

Publicado em 13 de Mai de 2025, 10h06. Atualizado em 21 de Mai de 2025, 12h37
Por Paulo Lafene

A professora Janira Guajajara (foto abaixo) traduziu para o idioma próprio do seu povo, em língua da família Tupi-guarani, todas as instruções dadas em português sobre os serviços gratuitos oferecidos às pessoas que compareceram à Escola Municipal Santo Antônio, no município de Grajaú, a 542 km de São Luís, nessa segunda-feira (12/5).  O Tribunal de Justiça do Maranhão, a Justiça Federal, a Corregedoria Geral do Foro Extrajudicial, a Prefeitura de Grajaú e mais de 20 órgãos parceiros decidiram priorizar as comunidades indígenas na terceira edição do Programa Praça da Justiça e Cidadania, com foco na Escuta Ativa de Povos Indígenas, que prossegue na cidade até sexta-feira (16/5), das 8h às 18h.

Foto horizontal de atendimento em que o Programa Praça da Justiça oferece serviços gratuitos a povos indígenas de Grajaú. A foto mostra uma mulher de pele morena e cabelos longos e pretos falando em um microfone. Ela veste uma blusa vermelha de mangas curtas e uma saia ou calça de cor bege clara. Ela está fazendo um anúncio. Ao fundo, há várias pessoas sentadas em mesas brancas. À esquerda, uma jovem de pele clara com cabelos longos e castanhos está sentada e olhando para baixo. Atrás dela, um homem de pele clara com óculos e uma camisa rosa está em pé, olhando para a frente. À direita da mulher que fala, há um jovem de pele clara com cabelos escuros e uma camiseta preta. Mais à direita, uma jovem de pele clara com cabelos escuros e óculos está sentada a uma mesa, olhando para algo em sua frente. Atrás dela, um homem de pele morena clara com óculos de sol e uma camisa branca está em pé. O ambiente é um ginásio.

O programa, coordenado nesta edição pelo Comitê de Diversidade do TJMA, reúne equipes para prestar serviços de atendimento médico e odontológico; solução rápida de litígios por conciliação; emissão e regularização de documentos de identidade, CPF, fiscais, eleitorais, trabalhistas e de registro; habilitação para recebimento de seguro-desemprego; informações, acesso, atualização e orientações sobre programas sociais federais e serviços socioassistenciais e assistência jurídica gratuita, dentre outros.

O primeiro dia foi de atendimento para pessoas da comunidade Morro Branco. Rosineth Guajajara foi acompanhada de duas testemunhas para dar entrada no pedido da primeira certidão de nascimento do filho de quatro anos de idade, nascido na aldeia. Saiu satisfeita com a atenção dada pelas equipes do Fundo Especial de Modernização e Reaparelhamento do Judiciário (Ferj), a serviço da Corregedoria Geral do For extrajudicial, e do Cartório do 2º Ofício de Grajaú.

“É muito bom o atendimento daqui.” elogiou.

Foto horizontal de atendimento em que o Programa Praça da Justiça oferece serviços gratuitos a povos indígenas de Grajaú. A foto mostra um grupo de sete pessoas em um ambiente de uma sala com várias mesas brancas dispostas em fileira. A sala tem paredes claras e janelas com grades. As pessoas estão sentadas em cadeiras brancas de plástico, trabalhando em laptops que estão sobre as mesas. Há cinco laptops visíveis, e algumas pessoas parecem estar digitando ou olhando para as telas. Há também alguns outros objetos sobre as mesas, como garrafas de água, papéis e uma impressora.  As pessoas na foto parecem ser adultos de diferentes idades. Suas roupas são casuais, incluindo camisetas e camisas. Suas expressões faciais variam, com alguns concentrados em seus trabalhos e outros interagindo ou observando.

A Cogex, por meio do Ferj (foto acima), realizou 50 atendimentos nessa segunda-feira. O pescador Mardo Guajajara (foto abaixo) foi fazer o reconhecimento de paternidade do filho de 13 anos. Conta que foi trabalhar em Amarante do Maranhão pouco tempo depois que a criança nasceu e não teve tempo de registrá-la. A companheira fez o registro somente com o nome dela e, desde que voltou, ele nunca teve a oportunidade de pedir a inclusão de seu nome. “Agora, hoje em dia, está fácil”, disse.

Foto horizontal de atendimento em que o Programa Praça da Justiça oferece serviços gratuitos a povos indígenas de Grajaú. A foto mostra quatro pessoas em um ambiente de atendimento. Há três mesas brancas de plástico dispostas lado a lado, com pessoas sentadas e trabalhando em laptops. À esquerda, um homem de pele morena com uma camiseta rosa e shorts jeans está sentado em uma cadeira branca, olhando para a esquerda. Ele segura alguns papéis em uma pasta amarela. Atrás dele, parcialmente visível, outro homem de pele morena usa uma camiseta azul e um boné com detalhes em verde e amarelo. Na mesa do meio, uma mulher de pele morena com brincos grandes e uma camiseta branca com uma estampa está sentada, olhando para um laptop. Ao lado dela, um homem de pele morena com cabelos curtos está sentado, olhando para a frente com uma expressão pensativa. Na mesa da direita, uma mulher de pele clara com cabelos castanhos e uma camiseta branca com uma estampa azul está sentada, olhando para um laptop. Ela tem um cordão com um crachá no pescoço e apoia o rosto na mão direita. Há alguns objetos sobre a mesa, incluindo uma caixa e canetas. Ao fundo, a parede é branca e há alguns objetos indistintos, incluindo o que parece ser uma impressora e algumas bandeiras penduradas no canto superior esquerdo. A iluminação é artificial.

Até quem não é indígena conseguiu aproveitar a oferta de serviços gratuitos. Marinete Lima da Silva (com criança no colo, na foto abaixo) é vizinha de uma comunidade e aproveitou para levar as crianças quando soube do atendimento.

Foto horizontal em que o Programa Praça da Justiça oferece serviços gratuitos a povos indígenas de Grajaú. A foto mostra uma cena em um ambiente de posto de saúde e local de vacinação temporário. No centro da imagem, um profissional de saúde do sexo masculino, vestindo uma máscara facial branca, uma camiseta branca e um colete azul com detalhes verdes, está aplicando uma injeção na perna de um bebê pequeno que está sendo segurado por uma mulher. A mulher, que aparenta ser a mãe do bebê, está sentada em uma cadeira azul e parece estar tentando acalmar a criança que está chorando. À direita, outra profissional de saúde do sexo feminino, vestindo uma blusa preta de gola alta e com o cabelo preso, parece estar preparando ou auxiliando no procedimento. Ela está olhando para a perna do bebê. Em volta, há outras pessoas esperando ou observando. Uma menina com uma blusa vermelha e uma máscara no queixo está em pé perto da mulher que segura o bebê. Ao fundo, há outras mulheres e uma pessoa vestindo uma camiseta branca. Uma mulher vestindo uma blusa amarela está sentada em uma cadeira azul à direita, olhando para a cena.

“Eu achei maravilhoso. Eu trouxe três filhas e dois netos. E todas as consultas que nós precisamos, nós estamos realizando, até tudo, até vacina”.

ESCUTA ATIVA

O foco nos direitos das comunidades indígenas colabora com o Programa Escuta Ativa dos Povos Indígenas, criado em 2022, coordenado pelo Comitê de Diversidade do TJMA e que aproxima o Judiciário da população indígena. Integrante do Comitê e ouvidora de Povos Indígenas, a juíza Adriana Chaves destaca a importância de ouvir os indígenas antes de qualquer decisão.

Disse que, de acordo com a Declaração Universal de Direitos Humanos da população indígena, a escuta é essencial para compreender a multiplicidade de culturas e tradições que existem nas populações tradicionais

“Aplicado isso à realidade do Maranhão, a gente tem que ouvir essa população para poder entregar um serviço que, realmente, eles precisem, que atenda tanto a cultura, quanto a tradição, as vestimentas, a língua. Então, se nós não nos unirmos para escutar quais são as necessidades da comunidade, especificamente da população indígena, o poder público não vai entregar o serviço de qualidade que faça uma entrega da necessidade que eles precisam suprir”, explicou a juíza Adriana Chaves (à direita, na foto abaixo).

Foto horizontal de atendimento em que o Programa Praça da Justiça oferece serviços gratuitos a povos indígenas de Grajaú. A foto mostra três pessoas em primeiro plano, envolvidas em uma conversa em um ambiente interno que parece ser uma sala de eventos ou um espaço comunitário. À esquerda, um homem de pele clara com barba escura e óculos veste uma camiseta branca com uma estampa em tons de laranja e azul. Ele está de perfil, olhando e gesticulando enquanto fala com as duas mulheres à sua direita. No centro, uma mulher de pele morena clara com cabelos cacheados escuros veste uma camiseta branca com a mesma estampa do homem e calças jeans azuis. Ela está olhando para o homem e parece estar ouvindo atentamente. À direita, uma mulher de pele morena clara com longos cabelos escuros veste a mesma camiseta branca e calças pretas. Ela está olhando para o homem e parece estar falando ou respondendo. Ela segura um copo descartável na mão direita. Ao fundo, a sala tem paredes claras e grandes janelas com cortinas finas que deixam passar a luz natural.

O juiz Alexandre Andrade (foto acima), titular da 1ª Vara de Grajaú, participou da entrega de registros de territórios a comunidades indígenas do município, em novembro do ano passado, pelo projeto Solo Seguro, do TJMA, e realizou um mutirão de registros de indígenas em 2023. Ele considera o atual evento mais completo.

“Esse evento dessa semana deu uma proporção ainda muito maior, tivemos parceiros como a DPU (Defensoria Pública da União), Justiça Federal, INSS e várias outras instituições públicas que não tiveram oportunidade de vir daquela vez. Então, dessa vez, o serviço vai atingir mais ainda a população indígena daqui de Grajaú. E o objetivo principal é levar dignidade, trazer a dignidade às pessoas e terem seus direitos efetivados”, concluiu.

Veja álbum de fotos de Josy Lord.

Agência TJMA de Notícias
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