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Campanha "Dicas de Saúde" explica relação entre saúde bucal e mental

Taissa Leite, da Divisão Odontológica do Tribunal, explica que há realidades associadas à baixa autoestima e à predisposição a problemas bucais de quem sofre de depressão

Publicado em 23 de Set de 2024, 8h00. Atualizado em 23 de Set de 2024, 7h47
Por Ascom/TJMA

A campanha “Dicas de Saúde”, do Tribunal de Justiça do Maranhão, prossegue com temas referentes ao Setembro Amarelo. Na edição desta segunda-feira (23/9), a odontóloga Taissa Leite trata da relação entre saúde bucal e saúde mental. 

“Estamos vivenciando o Setembro Amarelo, mês de reflexão e alerta sobre os cuidados com a nossa saúde mental e a daqueles que nos cercam. Frente a esse contexto e à percepção de que a saúde mental não é algo fragmentado de nossa saúde geral, a odontologia clínica vivencia duas fortes realidades: a primeira, associada à baixa autoestima, isolamento social e, por vezes, depressão daqueles que têm problemas bucais associados à estética do sorriso. Do outro lado, a maior predisposição de pessoas que sofrem de depressão e transtornos de ansiedade a apresentar problemas bucais associados ao bruxismo, à disfunção das articulações temporomandibulares (ATMs), à cárie e à doença periodontal, como gengivites”, detalha Taissa Leite.

A odontóloga conta que a atuação clínica diária tem mostrado – e as pesquisas têm confirmado – que pessoas que apresentam alguma fragilidade psicológica, que sofrem de depressão e ansiedade, tornam-se mais susceptíveis a desenvolver problemas de ordem dentária, gengival, muscular e articular.

De acordo com a dentista, a compreensão de como o adoecimento mental leva a uma susceptibilidade maior à cárie e à doença gengival perpassa pela realidade de que pessoas com a saúde mental fragilizada têm maior tendência a aumentar o consumo de açúcar, a negligenciar o autocuidado e, por isso, ter uma higiene bucal deficiente, muitas vezes, por considerar isso sem importância, diante do sofrimento que estão passando, ou mesmo pela falta de ânimo que essas condições de ordem psíquica trazem consigo.

“Ao falarmos especificamente da susceptibilidade à doença gengival e periodontal, é importante considerar que depressão, ansiedade e estresse tendem a aumentar os níveis de cortisol circulante no organismo, e isso tem sido relacionado à diminuição da imunidade, com reflexos significativos nos quadros de gengivite e doença periodontal (afetando a sustentação dos dentes)”, ressalta.

EFEITOS COLATERAIS

Taissa Leite diz que existem medicações de uso controlado, que são essenciais no tratamento de algumas doenças psíquicas, mas que trazem como possíveis efeitos colaterais a xerostomia (redução da produção de saliva – ressecamento bucal) e alterações gengivais importantes como a hiperplasia gengival (aumento significativo do volume gengival), com consequências funcionais e estéticas.

Ela fala que um outro aspecto, fortemente relacionado ao estresse e à ansiedade, e que, atualmente, mostra-se bastante frequente na rotina diária do cirurgião-dentista, são as consequências bucais do bruxismo.

“Seja pelo hábito de ranger ou de apertar os dentes, essa condição leva, por exemplo, a retrações da gengiva, desgastes e fraturas dentárias, hipersensibilidade, cortes e edentações na língua e bochechas, dores inespecíficas, tensão muscular (músculos da face e do pescoço), alterações na articulação da mandíbula (ATMs), dentre outras”, relata.

Lembra que, inclusive, em novembro de 2023, a Divisão Odontológica fez uma campanha com o slogan “Keep calm: desencoste seus dentes”, para conscientizar servidores e servidoras sobre a forte relação do bruxismo com o estresse ocupacional e ansiedade, e mostrar a necessidade de identificar e tratar a causa e não somente as consequências bucais.

“Considerando o que já foi relatado, percebemos que os transtornos mentais podem afetar a saúde bucal. Mas essa não é uma via de mão única. O efeito inverso também é verdadeiro. Ou seja, problemas bucais como halitose (mau hálito), falta de dentes, dentes tortos, dentes pigmentados, dentre outros, podem trazer consequências psíquicas, seja pelo julgamento pessoal, pela baixa autoestima, pelo sentimento de constrangimento, pelo isolamento social e, assim, afetar o relacionamento entre as pessoas, a vida profissional e, dessa forma, interferir negativamente na qualidade de vida e na saúde mental”, alerta a dentista.

“Parece, agora, que ficou claro que saúde mental e saúde bucal precisam dialogar entre si e que a odontologia vai muito além do controle clínico da doença cárie e da doença periodontal”, acrescenta.

No contexto da abordagem terapêutica de pessoas psicologicamente fragilizadas, com estresse, ansiedade, transtornos mentais, a odontóloga afirma que é evidente a importância do cirurgião-dentista na equipe multidisciplinar, no conjunto de ações que visem o alcance do equilíbrio da saúde mental e, consequentemente, a qualidade de vida.

“Se precisar, peça ajuda!”, aponta o lema da campanha Setembro Amarelo 2024. Taissa Leite informa que a equipe da Divisão Odontológica estará disponível para conversa, esclarecimento, indicação, muito além do atendimento clínico rotineiro.

Agência TJMA de Notícias
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