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Campanha mostra como hábitos e estilo de vida impactam na saúde bucal

A odontóloga Fabíola Leite, da Divisão Odontológica do TJMA, explica como aumenta a incidência de lesões, principalmente pela perda de esmalte nos dentes

Publicado em 16 de Jul de 2021, 8h00. Atualizado em 16 de Jul de 2021, 8h27
Por Ascom/TJMA

O tema da campanha Dicas de Saúde Bucal neste mês é biocorrosão – a degradação química, eletroquímica e bioquímica da estrutura dental. E a odontóloga Fabíola Leite, da Divisão Odontológica do Tribunal de Justiça do Maranhão, explica como mudanças nos hábitos alimentares, comportamentais e intervenções profiláticas colaboram para a maior incidência de doenças não relacionadas diretamente à presença de biofilme – película transparente que se forma sobre a superfície dentária, mais conhecida como placa bacteriana – na cavidade bucal.

O TJMA tomou a iniciativa de divulgar, no site da instituição e em suas redes sociais, campanhas criadas pelas divisões de sua Coordenadoria de Serviço Médico, Odontológico e Psicossocial, como forma de compartilhar informações e dicas de saúde para a população em geral, não apenas para servidores e magistrados do Poder Judiciário. A Divisão Odontológica é chefiada pelo odontólogo Rafael Silva Santos.

Dentre as lesões apontadas por Fabíola Leite estão as lesões cervicais não cariosas (LCNC), caracterizadas pela perda de esmalte na região cervical do dente, que pode ser definida como o limite que separa a coroa (parte visível) da raiz.

A odontóloga conta que as lesões cervicais não cariosas possuem etiologia multifatorial (tensão, fricção e biocorrosão).

“Entre os fatores etiológicos responsáveis por essas lesões, a biocorrosão é definida como processo irreversível de desgaste proveniente de ácidos de origem endógena ou exógena, oriundos de mecanismos químicos, bioquímicos e eletroquímicos. Os ácidos endógenos são derivados de distúrbios alimentares e refluxo gastroesofágico; enquanto que os ácidos exógenos são oriundos de hábitos ocupacionais (vapores e líquidos), medicamentos e, principalmente, da dieta, sendo que os ácidos provenientes da dieta são considerados o principal responsável por essas lesões”, detalha a odontóloga.

Segundo Fabíola Leite, a presença constante de alimentos ácidos na cavidade oral é considerada um fator de risco para o desenvolvimento e progressão das lesões não cariosas. Ela diz que se dá pelo processo de dissolução química da estrutura dental que se caracteriza pela remoção de camadas subsequentes no esmalte e, posteriormente, na dentina, ocorrendo aumento progressivo de sua degradação em termos de profundidade e estrutura, devido à acidez.

PERDA PRECOCE

Na sequência, a profissional da Divisão Odontológica do TJMA enumera os principais hábitos que contribuem para a perda precoce de esmalte nos dentes:

1 – A rotina intensa de correria do dia a dia: o nervosismo constante causado pelo estresse pode reduzir a quantidade de saliva, que é uma aliada natural do esmalte do dente e, quando em quantidade reduzida, tem o seu papel de agente remineralizador dental comprometido, deixando o dente vulnerável à acidez. Além disso, um cotidiano cheio de estresse pode desencadear problemas como o “bruxismo” (parafunção oclusal caracterizada pelo contato não-funcional dos dentes), que resulta em alterações anatômicas e desgastes dentais difíceis de reverter. Esse estresse diário pode provocar também alterações gástricas, como refluxo e gastrite, fatores responsáveis por aumentar a acidez bucal.

2 – Busca por uma vida saudável: muitos alimentos que são saudáveis para o corpo são ácidos para o esmalte do dente: beber água com limão, chás verdes e bebidas detox. Além disso, a pressão que fazemos nos dentes durante os exercícios físicos (apertamento dental) favorece esses desgastes. Hábitos alimentares como jejum intermitente também impactam na saúde dos dentes. O consumo de suplementos e bebidas isotônicas, que repõem os minerais do corpo após exercício físico intenso, também acaba contribuindo para a perda de minerais dos dentes.

3 – Momentos de indulgência: depois de toda a rotina intensa, as pessoas estão mais suscetíveis a momentos de prazer. A ingestão de bebidas alcoólicas, como vinho e gim tônica, também contribui para a biocorrosão dental. Pelo pH ácido e alto teor alcoólico, a ingestão exagerada dessas bebidas inibe a salivação, intensificando os processos ácidos que induzem a biocorrosão.

COMO EVITAR

Para evitar ou minimizar os efeitos de eventos biocorrosivos no avanço do desgaste precoce do esmalte dental, a odontóloga Fabíola Leite elenca dez procedimentos.

1 – Evitar deixar bebidas esportivas, bebidas energéticas, refrigerantes, sucos ácidos e chás de ervas por longo tempo na boca. Quando possível, usar um canudo para ingerir essas bebidas.

2 – Evitar escovar os dentes imediatamente após a ingestão de alimentos e bebidas ácidas, além de enxaguar a boca com água após a ingestão.

3 – Encerrar as refeições com alimentos ricos em cálcio, como queijo, após a ingestão de alimentos ácidos.

4 – Reduzir o consumo de alimentos ácidos, doces, sucos ácidos e vinho; consumi-los somente no horário das refeições principais.

5 – Evitar alimentos ácidos tarde da noite.

6 – Evitar o jejum prolongado, a fim de manter o pH da saliva e ajudar a controlar distúrbios gastroesofágicos.

7 – Beber água durante o dia para contribuir com que a saliva equilibre o pH desses ácidos na cavidade oral.

8 – Evitar a ingestão de frutas ácidas e fontes de fibras, como barras de cereais, sem ingestão de água subsequente.

9 – Evitar a ingestão diária de gomas de mascar não cariogênicas, devido aos seus ingredientes ácidos.

10 – Utilize escova macia, creme dental fluoretado e com baixa abrasividade.

“Os desgastes nos dentes são mais acentuados quando a dieta excessivamente ácida está associada ao bruxismo ou à utilização de escovas com cerdas duras e pastas de dente abrasivas. O esmalte do dente não se regenera, ou seja, não existem fórmulas eficientes para recriar a estrutura desgastada; por isso, a melhor estratégia para evitar a perda precoce do esmalte dental é a prevenção”, ensina Fabíola Leite.

CARTILHA ATUALIZADA

A Divisão Odontológica do Tribunal de Justiça do Maranhão também atualizou sua cartilha, com normas de funcionamento, biossegurança e adequações em tempos de Covid-19. Leia AQUI todo o conteúdo sobre algumas mudanças nas rotinas de atendimento, necessárias como medidas de prevenção.

Agência TJMA de Notícias
asscom@tjma.jus.br

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