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Judiciário maranhense promove titulação de territórios quilombolas

A ação integra a Semana Nacional do Solo Seguro, que visa a entrega de títulos a comunidades tradicionais

Publicado em 26 de Nov de 2024, 13h22. Atualizado em 26 de Nov de 2024, 13h24
Por Letícia Araújo

Ao som do bloco afro Akomabu, em uma canção de afirmação da luta pelos direitos do povo negro e pelo fim dos conflitos de terra no Maranhão, o Centro de Cultura Negra, em São Luís, foi palco da cerimônia de entrega de registros de territórios quilombolas do Estado, na tarde dessa segunda-feira (25/11). A ação é fruto de uma parceria entre o Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), por meio do Núcleo de Governança Fundiária (NGF), e o Instituto de Colonização e Terras do Maranhão (Iterma). Ao todo foram entregues sete registros de territórios quilombolas, beneficiando 381 famílias.

O evento integra a 2ª Semana Nacional de Regularização Fundiária Solo Seguro – Amazônia Legal, que ocorre entre os dias 25 e 29 de novembro, com o objetivo de promover a entrega de registros e títulos de propriedade para territórios quilombolas, indígenas, igrejas tombadas pelo Patrimônio Histórico, propriedades rurais e urbanas. A Semana faz parte do Programa Permanente de Regularização Fundiária do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Sobre a iniciativa, o presidente do TJMA, desembargador Froz Sobrinho, reconheceu a importância da titulação durante o mês da Consciência Negra e destacou o histórico de ações em benefício às comunidades tradicionais desenvolvidas pelo Judiciário maranhense. “Essa é uma política nacional do Poder Judiciário, que realizará ações durante toda a semana, garantindo a segurança jurídica dessas comunidades, mas principalmente, no mês da Consciência Negra, é um reconhecimento histórico de que esses territórios pertencem à população quilombola”, disse.

Foram beneficiadas as comunidades quilombolas dos povoados de Bom Jesus, em Cândido Mendes; Jacuica, em Matinha; Boqueirão, em Icatu; Mirinzal da Julita, em Presidente Juscelino; Mirinzal, no município de mesmo nome; Cajueiro e Carro Quebrado, em Viana, somando mais de 4.497 hectares de terra.

O presidente do Iterma, Anderson Ferreira, também ressaltou o sucesso da parceria entre o órgão e o TJMA. “Essa é uma parceria que deu certo. Já entregamos muitos títulos, beneficiando milhares de famílias em todo Maranhão. Fico sempre muito honrado de estar aqui mais uma vez, junto com o Tribunal, com o presidente Froz Sobrinho, entregando título de terra e levando segurança jurídica para o nosso povo maranhense”, disse.

CONSCIÊNCIA NEGRA

"Nada mais justo do que lançar várias ações em benefício do povo negro tendo o Centro de Cultura Negra como palco". Foi dessa forma que o governador do Maranhão, Carlos Brandão, definiu o momento como uma celebração do mês da Consciência Negra.

A juíza Ariana Saraiva, coordenadora do Núcleo de Governança Fundiária (NGF) reforçou o significado social da titulação dos territórios, reafirmando a luta e resistência dos povos quilombolas. “É um ato muito importante estarmos aqui devolvendo a terra aos seus povos originários. Isso, culturalmente e socialmente, tem um impacto muito importante, porque a terra e o pertencimento ao solo é importante e simbólico. Essa parceria entre o TJ e o Iterma traz essa representatividade”, destacou.

Uma das representantes das comunidades contempladas com a titulação, a presidente da Associação Comunitária do povoado Cajueiro, Valdirene Jansen, comentou que, apesar da conquista do registro, a luta em combate ao racismo e pela garantia de direitos continua. “É uma coisa que lutamos muito pra ter e, hoje, estamos recebendo a nossa titulação. Só temos a agradecer a Deus, ao Tribunal de Justiça, ao Iterma e todos os órgãos que fizeram parte dessa história. É uma coisa que vai ficar gravada na nossa mente e no nosso coração. Queria deixar registrado que darei continuidade à luta de Zumbi e Dandara, que foi de lutar pelos quilombos, de lutar pelo nosso direito”, afirmou. 

A líder comunitária Valdirene Jansen com a juíza Ticiany Gedeon Palácio

Também estiveram presentes, a diretora-geral do TJMA,  juíza Ticiany Gedeon Palácio; a secretária da Sedihpop, Lília Raquel; o secretário de Estado da Igualdade Racial, Gerson Pinheiro, além de representantes comunitários.

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SEMANA SOLO SEGURO

A programação da semana conta com uma série de titulações em todo território maranhense. Nesta terça, 26, ocorre a entrega de registros de títulos rurais para agricultores familiares dos municípios de Bacabal e Rosário. Além da entrega de títulos para os territórios indígenas de Cana Brava, Porquinhos e Geralda Toco/Preto, do município de Grajaú.

Já na quarta-feira (27/11), o Judiciário realizará entrega dos registros das igrejas tombadas pelo Patrimônio Histórico de Nossa Senhora da Luz (Paço do Lumiar); São João Batista (Vinhais Velho); São Joaquim do Bacanga (Vila Maranhão); Nossa Senhora de Santana (Centro) e Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (Centro), todas estas em São Luís.

À tarde, no Estaleiro Escola (Tamancão), acontecerá a entrega dos títulos de propriedade registrados da comunidade Tamancão.

Nos dias 28, 29 e 30/11, as ações da Semana de Regularização Fundiária serão integradas ao projeto Viva Alcântara.

 

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