Com o apoio institucional do programa Yiá - de amadrinhamento e fortalecimento para mulheres que deixaram o sistema prisional após o cumprimento de suas penas, auxiliando na reintegração social e no mercado de trabalho - a juíza Mirella Cézar Freitas (TJMA) e a pesquisadora e ativista pelos direitos das mulheres privadas de liberdade, Dorilene Lima Pacheco, participam, do IX Seminário Internacional de Pesquisa em Prisão, realizado na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, até quinta-feira (4/12).
No encontro — que reúne pesquisadoras e pesquisadores, profissionais do sistema de justiça, familiares, estudantes e pessoas egressas — Doris, que é egressa do sistema prisional do Maranhão, apresentou o trabalho “Futuros Roubados, Vozes Restauradas: Justiça para Mulheres Esquecidas no Cárcere”, escrito em co-autoria com a juíza Mirella Cézar, no qual desnuda a invisibilidade institucional que recai sobre mulheres encarceradas no Brasil e discute como o sistema penal segue operando como uma engrenagem de negação de futuros possíveis.
No trabalho, que traz a sua própria experiência, Doris enfatizou o significado de chegar a um evento científico nacional como protagonista de uma pauta "urgente, humana e historicamente silenciada", como descreve.
“Levar essa pauta para um seminário internacional é muito mais do que uma realização pessoal: é abrir caminhos, romper silêncios e mostrar que nós existimos, pensamos, produzimos e temos muito a dizer.”
Para Mirella Cézar, a participação de Doris Pacheco no seminário não é apenas um marco pessoal: é a afirmação de que a produção científica e o debate público precisam, urgentemente, incluir as vozes de quem viveu e sobreviveu ao cárcere.
"É, também, sinal de que novos caminhos estão sendo abertos para que mulheres egressas ocupem os espaços de onde sempre foram excluídas — com potência, legitimidade e futuro", disse.
A participação da egressa no seminário só foi possível graças à rede de apoiadores que integram o Programa Iyá: Unidade de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (UMF), Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (CEMulher) –, da Defensoria Pública do Estado, da Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP) e Escritórios Sociais e ESMAM.
PRISÃO NO BRASIL
O IX Seminário Internacional de Pesquisa em Prisão, conhecido por seu caráter interdisciplinar, colocou em pauta temas sensíveis e estruturais, como: 10 anos das audiências de custódia; tecnologias carcerárias e ciências forenses; expansão do PCC; redes de apoio no pós-cárcere; gênero, sexualidade e direitos nas prisões; violência de Estado, racialidade e massacres; desafios históricos da prisão no Brasil.
Entre as atividades, ganhou destaque a sessão especial “Tecendo Liberdades: Redes de Apoio no Pós-Cárcere”, dedicada às experiências e estratégias de ressignificação da vida após o cárcere — espaço no qual a presença de Doris simbolizou resistência, reconstrução e futuro.
O evento abriu com conferência de Marcelo Sérgio Bergman (Argentina) e encerrou com a pesquisadora Natália Corazza Padovani (UNICAMP), reforçando a amplitude e a densidade dos debates.
PROGRAMA IYÁ
O Programa Iyá tem como objetivo principal oferecer uma rede de amadrinhamento e fortalecimento para mulheres que deixaram o sistema prisional após o cumprimento de suas penas, auxiliando na reintegração social e no mercado de trabalho.
A palavra "Iyá" tem origem iorubá e significa "mãe", simbolizando cuidado, proteção e a reconstrução de novas trajetórias de vida para essas mulheres.
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