Com o objetivo de discutir relações saudáveis e comportamentos que evitem a prática de assédio no âmbito do Poder Judiciário, o Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), por meio das Comissões de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral, do Assédio Sexual e da Discriminação, promoveu nesta terça-feira (25/11), o workshop "Cultura do Respeito: Prevenção e Enfrentamento aos Assédios e Comportamentos Tóxicos" ministrado pela professora pioneira em pesquisas da área, Lis Soboll, voltada a desembargadores e desembargadoras do TJMA.
“O assédio todos nós entendemos, mas um comportamento proativo para evitar que isso aconteça é muito importante que todos nós aprendamos”, avaliou o presidente do TJMA em exercício, desembargador Raimundo Bogea.

O evento foi aberto pela presidente da Comissão de Enfrentamento do Assédio do 2º Grau, desembargadora Márcia Cristina Coelho Chaves, que destacou o objetivo de discutir as rápidas mudanças na sociedade e um novo modelo de comportamento, promovendo reflexões sobre hábitos e inflexibilidades. “A palavra que estou utilizando é disrupção, amplamente utilizada nas organizações, eventos e nos treinamentos como este, que nos convoca a adotar uma mentalidade capaz de romper padrões e inaugurar caminhos, estamos aqui para nos inserirmos nessa mentalidade disruptiva, o assédio mexe com o que temos de mais íntimo: nossos hábitos, nossas crenças nossos posicionamentos”, pontuou.

CULTURA DO RESPEITO
O workshop foi ministrado pela professora e especialista Lis Soboll, referência nacional nas temáticas de assédio e saúde mental no trabalho, que iniciou apresentando dados apontando que, de 2020 a 2023, a Justiça do Trabalho julgou 400 mil casos de assédio moral e sexual; a saúde mental como principal causa de afastamento de servidores/as e magistrados/as no Judiciário: 78% das vítimas apresentaram problemas psicológicos, e o assédio é apontado como um fator que contribui para o aumento do suicídio no ambiente de trabalho.

A palestrante destacou a importância de as lideranças agirem com a responsabilidade de não deixar dúvidas de que foi respeitoso com o outro e com o seu trabalho, alertando os/as magistrados/as para a necessidade de uma transformação cultural que priorize a dignidade humana e convocando a evitar pressões excessivas e comportamentos que podem caracterizar assédio, muitas vezes não intencionais.
Ela ressaltou que a discussão reflete um "processo civilizatório" de não mais tolerar ou naturalizar comportamentos desrespeitosos. "É responsabilidade da liderança cumprir a missão institucional, seja representada em meta ou não. Cumprir o resultado que a gente precisa entregar para a sociedade, mas não é de qualquer forma, é cumprir isso de maneira a respeitar aquela instituição, mas também as pessoas que estão envolvidas em todo o processo, seja a sociedade, seja o assessor direto, um colega de trabalho, a hierarquia e também a equipe”, apontou.

Para combater a problemática, foi sugerida a adoção de modelos de gestão como a Gestão por Cooperação, incentivando a parceria entre pares e o reconhecimento de que pedir ajuda não é uma fragilidade.
Os gestores foram convocados a refletir sobre a maneira como interagem com suas equipes – se chegam como "pontes ou muros" – e a importância de ações simples, mas significativas, como o cumprimento, o olhar e o feedback para valorizar o trabalho alheio.
A palestrante apontou comportamentos tóxicos, como toda forma de hostilidade interpessoal no ambiente de trabalho que causa desgaste/sofrimento emocional e prejudica a produtividade ou o ambiente, como gritos, humilhações, microgerenciamento excessivo, comentários desrespeitosos, favoritismo, baixo controle emocional, humor hostil, discriminação e outros foram listados como sinais de alerta que, se persistirem, configuram assédio e destroem a confiança, comprometendo a missão institucional. “Nós temos comportamentos que marcam situações específicas de assédio, que vão dar contornos de assédio moral, organizacional, discriminação, assédio sexual, agressões pontuais ou comportamentos tóxicos e violência de gênero. É muito importante estar atento a isso para que a gente se reconheça no que pode melhorar”, destacou.
A especialista listou tipos de assédio, como o organizacional, o institucional e o estrutural, quando violência e abuso são inseridos na forma de gestão e organização do trabalho, como demandas, metas e prazos desproporcionais.
O workshop destacou ainda práticas inadequadas que configuram assédio sexual, inclusive comportamentos que já foram aceitos socialmente, como piadas com conteúdo sexual, mostrar imagens de cunho sexual, fazer comentários, olhares, toques indesejados.
“O assédio sexual é um tipo de violência em razão de gênero e que tem como base não só o assédio sexual mas a hostilização, a misoginia, o roubo de ideias das mulheres para tomar como sua, essa desconsideração da voz feminina dentro dos contextos de trabalho, tudo isso está sendo reconhecido como violência em razão de gênero”, enfatizou.
“Como avaliar se o seu comportamento está sendo respeitoso? Se pergunte como você se sentiria se um familiar, a sua mãe, a sua esposa, a sua filha, um amigo muito próximo estivesse sendo tratado da maneira como os senhores e as senhoras tratam a sua equipe, tratam o estagiário, tratam aquele que o recebe na porta da instituição? Como você se sentiria? E isso já vai te dar um parâmetro, se tem ou não, que melhorar esse comportamento”, finalizou.

A palestra teve a participação, além de desembargadores e desembargadoras, da diretora-geral do TJMA, juíza Ticiany Palácio, membros e membras das Comissões de Prevenção e Enfrentamento do Assédio e da Discriminação do TJMA.
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