“Envelhecer com sentido” é o tema da campanha Saúde no Judiciário desta semana. Tatiana Oliveira de Carvalho, da Divisão Psicossocial do Tribunal de Justiça do Maranhão, fala sobre o fenômeno do envelhecimento populacional, que tem chamado a atenção no mundo inteiro. Ela explica que, com a diminuição das taxas de natalidade e mortalidade, tem sido cada vez mais comum a presença e participação de idosos(as) nos diversos contextos da vida social.
Segundo a psicóloga, a Organização Mundial de Saúde prevê que até 2025 o Brasil seja o sexto país com a maior quantidade de idosos(as) no mundo. Especialistas afirmam que estamos vivendo uma verdadeira “revolução da longevidade”, o que traz desafios tanto em nível coletivo como familiar e individual.
“Precisamos nos preparar para uma vida cada vez mais longa, buscando não apenas alongar nossa existência, mas fazer com que ela tenha sentido e seja vivida com satisfação, saúde e qualidade de vida. Como afirma o médico e gerontólogo Alexandre Kalache: ‘O que a gente precisa é fazer essa transformação de não só somar anos à vida, mas de somar vida aos anos’, destaca Tatiana Carvalho.
Para isso – prossegue a psicóloga – uma das barreiras que precisa ser vencida é a ideia errônea de que ser velho é ser inútil, improdutivo ou que a vida já chegou ao fim.
“Cada vez mais, as pessoas estão se dando conta de que ao chegarem aos 60, 70 anos, ainda estão longe do fim. Mas para bem viver esse tempo, é necessário desenvolver uma atitude positiva diante dessa nova fase da vida”, entende Tatiana, que cita outra afirmação de Alexandre Kalache: “Eu comparo essa longevidade com um presente que está sendo dado. E você pode aproveitar esse presente que lhe foi dado, ou pode simplesmente desperdiçá-lo”.
A profissional da Divisão Psicossocial do TJMA também destaca o pensamento de Mirian Goldenberg, antropóloga e pesquisadora sobre envelhecimento, de que “a beleza da velhice está justamente em seguir a sua vontade e inventar a sua forma de envelhecer”.
A psicóloga ressalta que, ainda que nosso modo de envelhecer traga marcas do modo como vivemos durante toda a vida até ali, podemos fazer novas escolhas que nos permitirão desenvolver um estilo de vida mais saudável, mais realizado e mais feliz.
“A terceira idade pode se tornar o melhor momento para decidir por uma vida diferente, por ser uma fase em que as experiências de vida e a sabedoria adquirida ajudam a discernir o que faz mais sentido. Como disse a romancista Mary Ann Evans, ‘nunca é tarde demais para ser o que você poderia ter sido’”, endossa Tatiana.
Ainda sobre o entendimento de Mirian Goldenberg, Tatiana relata que, apesar de todos os desafios que são inerentes ao processo de envelhecimento, a antropóloga defende que é possível viver a terceira idade como “a bela velhice” e aponta como tornar isso realidade: “Tendo um projeto de vida, tendo uma vida com significado, não desistindo de si mesmo, não se aposentando dos seus desejos, se reinventando. Tendo os projetos de vida grandes ou até pequenos, que podem ser projetos como o meu, que é desde a minha infância, que é escrever, ou podem ser projetos de vida que a gente vai descobrindo depois”, reproduz a psicóloga.
“Sim, quem tem projetos de vida envelhece melhor, e quanto antes nos conscientizarmos disso, maiores as chances de termos uma bela velhice. E isso serve para todos, pois a velhice é uma realidade presente ou futura de todos nós, a menos que morramos jovens. Como você tem vivido seu processo de envelhecimento? Como tem cuidado de sua saúde física e mental? Está apenas adicionando anos à sua vida ou também vida aos seus anos? Como anda sua organização financeira e seus planos para uma vida longa? Está se preparando para uma vida de 100 anos? Pense nisso”, conclui Tatiana de Carvalho, para reflexão geral.
Agência TJMA de Notícias
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