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TJMA celebra acordo que encerra conflitos agrários na Comunidade Jussaral

Depois de oito meses de mediação do Tribunal, 80 famílias do povoado, no município de Urbano Santos, terão terras para registros individuais e para uso coletivo

Publicado em 22 de Mai de 2025, 14h40. Atualizado em 22 de Mai de 2025, 15h21
Por Ascom/TJMA

O Tribunal de Justiça do Maranhão, a União de Moradores do Povoado Jussaral, advogados e várias instituições parceiras celebraram, nesta quinta-feira (22/5), a homologação do acordo que põe fim aos conflitos agrários na área onde vive a comunidade, no município de Urbano Santos, a 262 km de São Luís. Depois de oito meses de mediação do TJMA, por meio da Comissão de Soluções Fundiárias, 80 famílias do povoado terão mais de 341 hectares de terras para registros individuais e outros 200 hectares desmembrados da área maior para uso coletivo.

A solenidade, no Gabinete da Presidência do TJMA, reuniu o presidente da Corte, desembargador Froz Sobrinho; o presidente da Comissão de Soluções Fundiárias do Tribunal, desembargador Gervásio Santos; a presidente da Assembleia Legislativa (Alema), deputada estadual Iracema Vale; a desembargadora Oriana Gomes, que homologou o acordo; o presidente da associação de moradores, Raimundo Viana; o defensor público-geral, Gabriel Furtado, outras autoridades e representantes de classes de trabalhadores.

Também participaram do evento, o juiz assessor de Relações Institucionais do TJMA, Douglas Lima da Guia, coordenador do Núcleo de Governança Fundiária do Tribunal e integrante da Comissão; o secretário da Comissão, Daniel Pereira de Souza – que participaram ativamente dos encontros para solução dos conflitos no local – além das juízas Tereza Nina (auxiliar da Presidência) e Ticiany Gedeon Palácio (diretora-geral do TJMA).

PAZ

Foto horizontal em que o TJMA celebra acordo para solução de conflitos na Comunidade Jussaral. A foto mostra um grupo de treze pessoas em um ambiente formal, com móveis de madeira escura e quadros na parede. A maioria das pessoas está vestida com trajes sociais. No lado esquerdo da imagem, há um homem usando terno e gravata vermelha, seguido por outros homens e mulheres. Uma mulher no centro do grupo está usando um vestido vermelho vibrante e aplaudindo. Uma outra mulher, mais à direita do centro, está vestindo um blazer azul-claro e uma saia longa branca. No centro da imagem, há uma mulher com cabelo escuro preso, vestindo uma roupa azul-escura e um colar. Ela está aplaudindo. Ao lado dela, há um homem com terno e gravata, segurando papéis. Mais à direita, há um grupo de homens e mulheres. Um homem, de camisa azul-claro e calça jeans, está com as mãos unidas em frente ao rosto, em um gesto que pode indicar agradecimento ou reverência. Uma mulher à direita dele está com as mãos unidas e uma expressão atenta. No fundo da sala, é possível ver um crucifixo na parede, um lustre e uma pintura colorida. O ambiente parece bem iluminado e formal.

Esse acordo representa, na nossa vida, uma paz de todos nós, para todo familiar que sobrevive ali naquela comunidade, disse Raimundo Viana (de calça jeans e camisa azul, na foto acima).

 TJMA celebra acordo para solução de conflitos na Comunidade Jussaral - des Froz Sobrinho Ribamar Pinheiro  22/05/2025 Foto horizontal em que o TJMA celebra acordo para solução de conflitos na Comunidade Jussaral. A foto mostra um grupo de pessoas em pé, dispostas em semicírculo, dentro de uma sala. No centro, há um grande tapete estampado no chão de madeira. As pessoas estão vestindo roupas sociais, e há homens e mulheres de diferentes idades. Ao fundo, pode-se ver móveis de madeira escura, como estantes e armários, e um quadro colorido pendurado na parede.

Não existe causa impossível se a gente tem fé. A gente tem que ter fé: fé no homem, fé no trabalho e, acima de tudo, fé em Deus", avaliou o desembargador Froz Sobrinho.

Foto horizontal em que o TJMA celebra acordo para solução de conflitos na Comunidade Jussaral. A foto mostra um grupo de pessoas em uma sala, no Gabinete da Presidência do TJMA . Há vários homens e mulheres, a maioria em pé, alguns observando a deputada à direita que está falando, gesticulando com as mãos. As pessoas estão vestindo roupas sociais. Ao fundo, há móveis de madeira escura, como estantes ou armários, e um quadro colorido pendurado na parede. O piso é coberto por um tapete.

É um momento muito especial", disse a deputada Iracema Vale, nascida em São Luís, mas com trajetória de vida em Urbano Santos, onde foi também vereadora e prefeita.

Foto horizontal em que o TJMA celebra acordo para solução de conflitos na Comunidade Jussaral. A foto exibe um grupo de pessoas em pé, dispostas em uma sala de ambiente formal. No centro da imagem, um homem de terno gesticula, explicando algo para os outros. As pessoas ao redor, homens e mulheres de diferentes idades, estão vestindo roupas sociais e algumas parecem estar atentas ao que está sendo dito. O ambiente possui móveis de madeira escura, um tapete estampado no chão e um quadro colorido na parede ao fundo.

O papel da Comissão é construir pontes", resumiu o desembargador Gervásio Santos, sobre o trabalho da Comissão de Soluções Fundiárias do Tribunal.

Foto horizontal em que o TJMA celebra acordo para solução de conflitos na Comunidade Jussaral. A foto mostra três pessoas em um ambiente interno. No centro, há uma mulher negra com cabelo curto e escuro, usando um colar de pérolas e um blazer escuro. Ela está gesticulando com as mãos enquanto fala. À esquerda dela, há uma mulher branca com cabelo comprido e castanho, usando um blazer azul-claro e uma blusa branca. Ela está olhando para a frente. À direita da mulher central, há um homem branco com cabelo curto e claro, vestindo uma camisa clara e um blazer escuro. Ele está de pé com as mãos unidas à frente do corpo e os olhos ligeiramente fechados.

O povo vai à Justiça porque não quer guerra. O caminho da paz é a Justiça", apontou a desembargadora Oriana Gomes (ao centro, na foto acima).

ACORDO

Primeiro a falar, o presidente da associação dos moradores do Jussaral agradeceu a todas as instituições e partes envolvidas no acordo, especialmente ao TJMA e integrantes da Comissão, e à presidente da Alema, pelo empenho em solucionar o problema. “Estamos aqui para agradecer e estamos de coração grato de receber esse acordo”, disse Raimundo Viana.

O defensor público-geral elogiou o movimento desenvolvido pelo TJMA e parceiros, que definiu como uma nova Justiça na área de regularização fundiária. “Muito mais do que com números, mas com resultados e mudanças de impacto social na vida das pessoas”, disse Gabriel Furtado, destacando a atuação do defensor público Idevalter Nunes no acordo. 

A representante da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras do Estado do Maranhão (Fetaema), Lígia Daiana Alves, definiu como importante e grandioso o momento proporcionado pela união de esforços de todos os envolvidos. “Parabenizar, com certeza, a comunidade, pela sua luta, pela sua persistência, pela sua resiliência”, citando a presença, ao seu lado, da presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Urbano Santos, Francisca Araújo.

Os advogados Stenyo Melo e Fabiano Rodrigues Junior, que representaram os empresários Gladistone Dallan e Maikel Odorissi, que fizeram acordo com a comunidade, também participaram da solenidade. “Acho que essa conclusão que a gente tem foi a melhor solução, de fato”, agradeceu Stenyo Melo.

A presidente da Assembleia Legislativa citou problemas fundiários de Urbano Santos, investimentos feitos e disse que há espaço para todas as pessoas interessadas em trabalhar e produzir para o desenvolvimento da cidade. “Campo não é lugar de conflito, de briga, de morte. Campo é lugar de produção, de acordo, de justiça”, destacou Iracema Vale, elogiando os órgãos parceiros e definindo como de excelência o trabalho feito pela atual gestão do TJMA. “É muito bom a gente ver que a Justiça sai do papel, que ela vem para a prática e com o coração”, acrescentou.

A desembargadora Oriana Gomes definiu como maravilhoso o momento em que chegou ao TJMA, em razão do trabalho voltado para a paz. “A gente tem que sempre desarmar os espíritos”, ensinou.

O desembargador Gervásio dos Santos destacou o caráter coletivo da Comissão de Soluções Fundiárias do Tribunal com os parceiros e revelou que o trabalho realizado pela comissão talvez seja o de maior número de acordos no país. “Nós conseguimos compreender a importância do papel da Comissão, a importância do papel das instituições e saber que a solução negociada – que nem sempre é fácil, muitas das vezes é difícil – mas, na maioria dos casos, a gente tem conseguido construir essas pontes e encontrar soluções que possam, realmente, resolver e impactar a vida das pessoas”.

O presidente do TJMA destacou a participação da presidente da Assembleia Legislativa na resolução da situação e o trabalho da Comissão do Tribunal. “A gente não só entrega a solução. Nós entregamos uma coisa superimportante, a partir da conciliação, que é o registro imobiliário”, reforçou Froz Sobrinho.

O desembargador lembrou que a solução negociada serve de exemplo e ânimo para mais comunidades resolverem problemas semelhantes e que agrega outros serviços, do sistema de Justiça e de outros órgãos, citando projetos como o “Justiça de Todos”, o “Registre-se”, do Judiciário maranhense, e o acesso a crédito. “O desejo é que, a partir da paz, a partir do registro, a partir dessa matrícula, todos os desejos sejam alcançados”, finalizou.

HISTÓRICO

Em julho de 2024, um recurso de agravo de instrumento, referente a conflito agrário envolvendo a comunidade Jussaral, foi submetido à apreciação da Comissão de Soluções Fundiárias. A controvérsia envolve cerca de 320 pessoas, residentes na zona rural do município.

Ainda em julho do ano passado, o juiz Douglas Lima da Guia, acompanhado do secretário da Comissão, Daniel Pereira de Souza, realizou uma visita técnica à comunidade do Povoado Jussaral.

Em agosto de 2024, ocorreu a primeira sessão privada, conduzida pelos mesmos representantes da Comissão, com a presença do fazendeiro autor do recurso de agravo. 

No mês seguinte, setembro, foi promovido o segundo encontro de mediação, desta vez com representantes da comunidade e da Defensoria Pública do Estado. Em outubro, houve a terceira sessão de mediação, com a participação da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras do Estado do Maranhão (Fetaema), do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Urbano Santos, além de membros da comunidade local.

Já em dezembro do ano passado, realizou-se uma nova sessão reservada, desta vez com os representantes do fazendeiro. Em janeiro de 2025, foi realizada outra sessão privada, agora com os representantes da União de Moradores do Povoado Jussaral.

Também em janeiro passado, o juiz Douglas Lima da Guia e o secretário Daniel de Souza retornaram ao município de Urbano Santos e conduziram uma audiência pública nas dependências da Escola São Miguel, no Povoado Jussaral. Na ocasião, foi apresentada e aprovada, pela comunidade, a proposta intermediária de acordo apresentada pelo Núcleo de Governança Fundiária, construída ao longo dos encontros.

Em março de 2025, o fazendeiro apresentou sugestões à minuta do acordo, depois de devidamente notificado. Por fim, em abril de 2025, os termos do acordo foram consolidados, assinados pelas partes e devidamente homologados por decisão judicial da desembargadora Oriana Gomes, no mesmo mês.

Também participaram do evento o desembargador aposentado Samuel Batista de Souza, integrantes da Comissão de Soluções de Conflitos e de outros órgãos.

Veja álbum produzido pelo fotógrafo Ribamar Pinheiro.

Agência TJMA de Notícias
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