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A terceira Corte de Justiça mais antiga do país completa 207 anos

Em 1813, é instalado o Tribunal da Relação do Maranhão 

Publicado em 4 de Nov de 2020, 0h00. Atualizado em 4 de Nov de 2020, 0h00
Por Ascom TJMA

O Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) comemora nesta quarta-feira (4), 207 anos de existência. Para celebrar e cultuar a importante data, o presidente da Corte, desembargador Lourival Serejo, fez um pronunciamento distinguindo a instituição como um fator fundamental para a garantia e afirmação da Justiça em sua plenitude.

“Há 207 anos começava a ser escrita a história da Corte Estadual de Justiça, que nesta data comemora o privilégio de uma existência prolongada e do estrito cumprimento de suas funções, fortalecendo o seu papel na sociedade, reforçando os laços que constituem a razão da sua própria existência”, assinalou. 

Ele afirmou que na maturidade de seus 207 anos, o Tribunal de Justiça não perde o sonho por mudanças e que pautado pela melhor prestação de serviços à sociedade avança a passos largos em um constante processo de inovação e modernização, com significativos investimentos para fortalecer e dinamizar a Justiça.

“Estamos nos adiantando no tempo. Somos hoje um Tribunal que se inova e se renova, inspirado na experiência e no aprendizado do passado, com os pés firmes no presente e os olhos voltados ao futuro, firme na missão de realizar Justiça”, frisou.

CONHEÇA A NOSSA HISTÓRIA

A terceira Corte de Justiça mais antiga do Brasil, o “Tribunal da Relação do Maranhão” – criado em 1811, pela resolução do Rei D. João VI de Portugal, que jurisdicionava do Ceará ao Amazonas – foi instalado em 4 de novembro de 1813.  

Após instalado, o “Tribunal da Relação do Maranhão” teve como chanceler Antonio Rodrigues Veloso, na antiga Casa de Câmara e Senado, atual sede da Prefeitura Municipal de São Luís.

Príncipe Regente de Portugal, D. João VI, c. 1820, por Simplício de Sá

A Justiça maranhense recebeu diversas terminologias, que evoluíram juntamente com as Constituições. Nasceu como “Tribunal da Relação do Maranhão”, com nomenclatura extinta com a proclamação da República, em 1889.  Depois, na seqüência das Cortes colegiadas, recebeu os títulos de "Superior Tribunal de Justiça" (1891); "Corte de Apelação" (1934); "Tribunal de Apelação" (1937) e finalmente "Tribunal de Justiça", a partir de 1947.

Foram muitos os títulos, ao longo dos 207 anos de história do Tribunal de Justiça do Maranhão, mas sempre na tentativa de cumprir um objetivo único: garantir a Justiça à sociedade maranhense, contribuindo para o fortalecimento da democracia no Estado.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO MARANHÃO

Era o ano de 1947. Pela primeira vez a suprema Corte estadual seria chamada de Tribunal de Justiça do Maranhão. A nova nomenclatura – instituída pela Constituição Federal de 1946, assinada pelo então presidente da República, Eurico Gaspar Dutra – só passou a ser usada pelos maranhenses um ano depois, com a Constituição do Estado do Maranhão, promulgada em 28 de julho de 1947. Frisa-se: a data foi escolhida em homenagem à adesão do Maranhão à Independência.

A população maranhense respirava os novos ares da redemocratização brasileira, com o fim do governo de Getúlio Vargas, que em 1937, instituiu o Estado-Novo; fechou o Congresso, dissolveu os partidos políticos e passou a governar de modo ditatorial até o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945.

A quinta Constituição do Brasil (1946), bastante avançada para a época, foi notadamente um avanço da democracia e das liberdades individuais do cidadão, consagrando as garantias expressas na Constituição de 1934, que haviam sido retiradas em 1937. Entre seus dispositivos básicos estava a separação dos três poderes.

Em consonância com a Carta Magna, em 28 de julho de 1947, a mesa da Assembleia Constituinte, formada por representantes eleitos pela população maranhense, promulga a Constituição do Estado do Maranhão.

Conforme a nova legislação, o Poder Judiciário seria exercido pelo Tribunal de Justiça, composto de oito desembargadores, além do Tribunal do Júri, juízes de Direito, e instituições correlatas.

 “Essa Carta, liberal (...) foi considerada um primor de técnica legislativa, honrando a Constituinte que votara e os novos horizontes que se abriam para o livre exercício da plenitude democrática”, descreveu o desembargador aposentado e pesquisador (in memoriam), Milson Coutinho, em seu livro “História do Tribunal de Justiça do Maranhão” (1999).

Segundo Coutinho, a competência do Poder Judiciário se abria em moldes democráticos, restabelecendo-se as suas antigas prerrogativas. Entre essas, competia ao Tribunal processar e julgar nos crimes comuns o Governador do Estado e respectivos Secretários de Estado, juízes de Direito, e mais autoridades catalogadas entre as que se sujeitavam à competência da Corte de Justiça.

Carta do príncipe regente, D. João VI

Carta do príncipe regente, D. João VI, de 19 de junho de 1813, ordenando o registro do Regimento da Relação

INAUGURAÇÃO DO PALÁCIO CLÓVIS BEVILÁCQUA

Marco na trajetória do Tribunal de Justiça - No dia 7 de março de 1948, o presidente Eurico Gaspar Dutra inaugura a sede própria do Tribunal de Justiça do Maranhão – o Palácio da Justiça "Clóvis Bevilacqua". Localizado na Praça D. Pedro II, o prédio de fachada neoclássica, teve sua construção iniciada pelo interventor Paulo Ramos e concluída pelo governador Sebastião Archer.

Segundo informações de jornais daquele ano, além do presidente da República, na solenidade inaugural discursaram o desembargador Joaquim Santos, presidente do Tribunal e Aldroaldo Mesquita, ministro da Justiça. Outras autoridades presentes foram os desembargadores Costa Fernandes, Teixeira Júnior e Pires Sexto, e o senador Victorino Freire.

Ressalta-se que Victorino Freire foi um dos articuladores da campanha do general Eurico Dutra – de quem era amigo pessoal – à presidência da República.

Convite para a primeira sessão solene do Tribunal

Inauguração do Palácio de Justiça Clovis Bevilacqua em 7 de março de 1948 (Fotos de Calheiros, para o jornal O Imparcial)

"Respaldado em Lei Fundamental, protegido por um regime que o general Dutra segurou e defendeu, o Tribunal de Justiça, iniciava, a partir de 1947, sua caminhada (...), ora sob embaraços internos, ora envolvido nas malhas finas da política de partidos, ora engolfado em paixões inconsequentes, ora, finalmente, cumprindo sua missão constitucional", assinalou o ex-presidente da Corte (2004-2005), desembargador Milson Coutinho (in memoriam).
 

 

A primeira sede do TJMA foi estabelecida na Casa do Senado da Câmara, onde fica atualmente a Prefeitura Municipal de São Luís

A segunda sede no prédio colonial, situado no cruzamento da rua da Palma com a 14 de julho

O Sobradão colonial, localizado no cruzamento da rua Afonso Pena (rua Formosa) com a rua Direita foi a terceira sede

Comunicação Social do TJMA
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