Poder Judiciário/Mídias/Notícias

Saúde no Judiciário aborda Relações Interpessoais

Psicóloga do TJMA Denise Pereira França aborda aspectos de relações saudáveis

Publicado em 24 de Jun de 2024, 9h23. Atualizado em 24 de Jun de 2024, 9h49
Por Ascom/TJMA

A campanha Saúde no Judiciário desta semana chama atenção sobre as relações saudáveis que, mais que uma questão de sorte, estão relacionadas aos nossos comportamentos. “E os nossos comportamentos são influenciados por nossa história de vida, nossos hábitos, crenças, valores e nossas emoções. Logo, cada pessoa é uma história, e cada história, algo singular, ou seja, um modo único de perceber as relações”, ressalta o texto da psicóloga Denise Pereira França, da Divisão Psicossocial do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA).

A profissional pontua que, desde o nosso nascimento nos constituímos enquanto pessoas, a partir das relações com nossos pais, avós, irmãos, cuidadores, nossos familiares, amigos, enfim, as pessoas ao nosso redor. “Não é à toa que os livros, filmes, músicas e novelas pautam suas histórias em torno dos relacionamentos, sejam eles de laços fraternos ou românticos. Por quê? Porque somos seres sociais, vivemos em constante interação. É natural precisarmos do afeto de outras pessoas, afinal a necessidade de conexão afetiva é algo fundamental para todos nós, sendo tão básica quanto a necessidade de alimentação, por exemplo”, ressalta. 

“Logo, as relações são fundamentais para o nosso funcionamento social e emocional. Vários estudos se debruçam sobre tal temática. Um desses trata da teoria do apego, desenvolvida pelo psicólogo e psiquiatra britânico John Bowlby. Essa teoria fornece bases para entendermos a importância da qualidade das relações e o impacto delas em cada um de nós enquanto pessoa”, descreva a psicóloga.

O texto cita que Bowlby defende a ideia de que os vínculos formados na infância influenciam, significativamente, a capacidade de formar relacionamentos saudáveis na vida adulta. Ele explica que quando estabelecido um apego seguro, caracterizado por uma relação de confiança e segurança, a criança tende a levar as relações adultas de forma mais estáveis e satisfatórias. Em contraste, com um apego ansioso, quando o ambiente não propicia uma relação de confiança e segurança, a criança tende a ter dificuldades relacionais quando adulto, como a dependência excessiva, por exemplo. 

“Para além dos fundamentos teóricos sobre relacionamentos, observo no cotidiano que um dos pontos frágeis das relações e por vezes, o ponto de partida para muitos conflitos, é a tendência que podemos ter em querer que o outro mude para atender às nossas expectativas. Nesse padrão de comportamento cobranças e pressão são rotineiras, o que resulta em desgaste para ambos os envolvidos”, frisa a profissional. 

“Outro grande gerador de conflitos que observo, é a interpretação de que algo seja feito propositalmente contra nós. Nesse padrão de comportamento, tendemos a estar mais preocupados em ganhar a discussão ou nos vingar de alguém, do que demandar esforços em entender e solucionar o problema. Muitas vezes ficamos enrijecidos em conclusões fechadas e precipitadas”, alerta.

O texto alerta que esses dois padrões relacionais impactam negativamente as relações. “Então, como trabalhar essas questões?”, questiona.

Para Denise Pereira, se faz necessário algumas reflexões: “Você está disposto a se desfazer da ideia de querer mudar o outro? O que repetidas vezes acontece de ruim na relação e quão responsável por isso você é? Como você comunica suas preferências? Você as comunica? Você utiliza de uma comunicação assertiva?”

A partir desses questionamentos, a psicóloga aponta vários elementos a serem analisados. 

“É necessário, ainda, ampliarmos nossa percepção de que desentendimentos são normais, pois somos singulares. Logo, em algum momento vamos pensar diferente, mas como gerencio essas diferenças molda a qualidade das relações que estabeleço.”

“Por outro lado, relações interpessoais saudáveis são oportunidades de refinarmos nossos comportamentos e amadurecermos. São essenciais para o bem-estar psicológico e emocional, pois geram segurança emocional, minimizam o estresse, fortalecem a autoestima, aumentam a autoconfiança, dentre outros benefícios. Se você busca mais qualidade em sua vida afetiva, é necessário desenvolver sua habilidade de comunicação assertiva, praticar o respeito mútuo, expressar apoio emocional e empatia, estabeleçer limites saudáveis. Esses são alguns dos elementos que constroem e mantêm relacionamentos que promovem bem-estar.”, destaca. 

A ampliação de nossas percepções e compreensão da importância das diferentes interações em nossa vida, podem contribuir, significativamente, para a saúde mental e, em geral, para a vida em sociedade, diz o texto.

“Por isso, devo lembrá-los, que para trabalhar padrões relacionais conflituosos, existem intervenções terapêuticas. A própria psicoterapia é um importante elemento para identificação de padrões relacionais das mais diversas áreas, para o desenvolvimento de habilidades de comunicação e para a resolução de conflitos”, conclui.

Agência TJMA de Notícias

asscom@tjma.jus.br

 

GALERIA DE FOTOS