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O tema desta semana da campanha Saúde no Judiciário, do Tribunal de Justiça do Maranhão, aborda uma questão que muitas pessoas já se fizeram: existe uma razão biológica que explique a piora da dor de dente à noite? E quem fala sobre o tema é Taissa Leite, da Divisão Odontológica do TJMA. 

“Sem dúvidas, quem já teve dor de origem dentária, sabe o quanto é desconfortável e, quem nunca teve, em geral, segue com medo, por já ter ouvido relatos daqueles que já sofreram com essa situação”, inicia a odontóloga.

Taissa conta que, para entendermos melhor por que a dor de dente, em geral, é intensa e, normalmente, piora à noite, é preciso falar um pouco da estrutura dos dentes como um todo.

Segundo a profissional da Divisão Odontológica do TJMA, um dos primeiros conceitos que os alunos aprendem nas aulas de Anatomia em Odontologia é de que dentes são considerados órgãos acessórios do sistema digestivo e sua importância está diretamente relacionada à digestão dos alimentos e à absorção de nutrientes, uma vez que isso depende também de uma mastigação eficiente e da trituração adequada dos alimentos.

“De um modo geral, podemos dizer que o órgão dental é composto por paredes rígidas (dentina, esmalte e cemento), que protegem a polpa dentária onde estão as estruturas nobres, no caso, os vasos sanguíneos e nervos, que ‘dão vida’ aos dentes. Além disso, precisamos ressaltar que os dentes só ‘sobrevivem se estiverem saudavelmente encaixados nos ossos e sustentados pelo ligamento periodontal e pela gengiva. Todo esse sistema está interligado, e o dente depende da saúde e suporte sanguíneo dessas outras estruturas”, detalha Taissa Leite.
 
Da mesma forma que outros órgãos do corpo – prossegue a dentista – os dentes e seus tecidos de suporte (gengiva e ligamento periodontal) inflamam e/ou infeccionam, por causas diversas (cáries, traumatismos, desgastes acentuados, fraturas, doenças crônicas, má higiene, impactação de alimentos), sendo esses processos inflamatórios e infecciosos os principais responsáveis pelas dores de origem dentária, gengival e/ou periodontal.

“Há ainda que se ressaltar que a dor aguda de origem dentária e que piora à noite está classificada entre as piores sensações dolorosas relatadas. A experiência clínica tem nos mostrado que, ao se pedir para o paciente mensurar essa dor, em uma escala de 0 a 10, a maioria tende a classificá-la como de intensidade 9 ou 10”, destaca.

De acordo com a odontóloga, o principal motivo que faz com que os dentes inflamados apresentem dor tão intensa está relacionado ao fato de a polpa dentária, onde estão os vasos e nervos, estar encoberta pelas paredes duras da dentina. Na inflamação do dente, a polpa incha e fica comprimida dentro da caixinha de paredes duras, que é o dente, de tal modo que se pode imaginar as terminações nervosas também sendo comprimidas contra essas paredes. Daí a dor pulsátil, latejante, que raramente cessa com medicação e que piora à noite, especialmente ao deitar para dormir.

PRINCIPAL RAZÃO

A principal razão da piora da dor de dente à noite, ao deitar para dormir, conta Taissa Leite, está relacionada ao aumento do fluxo de sangue para a cabeça, o que leva a uma pressão extra às áreas inflamadas e a um aumento também de células inflamatórias no local. 

“Além disso, há o fator psicológico associado à falta de qualquer outra distração, além da vontade de dormir sem dor, o que leva a pessoa a se concentrar no dente doendo. Durante o dia, realizamos a maior parte das tarefas sentados ou em pé (o que reduz o fluxo sanguíneo para a cabeça) e a nossa atenção está mais dividida entre os afazeres do dia a dia. À noite, como comumente dizemos, o corpo ‘esfria’ e a nossa atenção se volta para o desconforto causado pelo dente inflamado”, relata a dentista.

Outro importante fator que piora a dor de dente à noite ao dormir, segundo a odontóloga, seria o bruxismo (ranger os dentes) e/ou o apertamento dentário, que são condições diretamente relacionadas à descarga do estresse ou da ansiedade sobre os dentes durante o sono. Por vezes, o quadro inflamatório do dente ou dos tecidos de suporte não é intenso a ponto de causar dor espontânea e pulsátil, mas o “simples” fato de ranger ou apertar os dentes repetidamente durante a noite resulta em uma exacerbação da inflamação e piora significativa da dor.

O que fazer ao se deparar com essa situação de dor de dente ou dos tecidos de suporte que piora à noite?

“Sem dúvida, buscar atendimento odontológico de urgência para que o cirurgião-dentista ‘localize’ a causa e tome a conduta mais adequada para resolução dos sintomas”, aconselha Taissa leite.

Mas por saber que o acesso a esses serviços não é algo tão simples, especialmente à noite, a odontóloga lista algumas maneiras de proporcionar alívio temporário para esses casos:

1 – Consumir alimentos líquidos ou pastosos e, preferencialmente, em temperatura ambiente, para evitar esforço mastigatório sobre a região e evitar mudanças bruscas de temperatura dentro da boca;

2 – Tentar dormir com a cabeça um pouco mais elevada para evitar o aumento do fluxo sanguíneo na região afetada;

3 – Aplicar compressa fria na pele que fica por sobre a região da dor, porque o frio leva à contração dos vasos sanguíneos da área e pode dar um efeito anestésico no local;

4 – Ir à farmácia e solicitar atendimento por um farmacêutico ou entrar em contato com o cirurgião-dentista para ter orientação sobre medicação analgésica e/ou anti-inflamatória para alívio dos sintomas.

A odontóloga lembra que esses casos de dor de origem dentária ou dos tecidos de suporte, que piora à noite e que não cessa com o uso de medicação, estão entre os problemas odontológicos elencados como necessidade de atendimento de urgência nas clínicas odontológicas do Poder Judiciário do Maranhão, onde serão adotadas medidas para alívio dos sintomas e fornecidos os encaminhamentos para tratamento especializado, quando necessário.

“Na Divisão Odontológica do Tribunal de Justiça, disponibilizamos até duas vagas de urgência por dia para atendimento desses casos e de outras situações de urgência. Mas, sem dúvidas, seguimos na premissa de que a prevenção é o melhor ‘tratamento’. E isso é possível mantendo-se a tríade clássica no contexto dos cuidados bucais: dieta equilibrada, rotina adequada de higienização bucal e visitas periódicas ao cirurgião-dentista” finaliza Taissa Leite.

Agência TJMA de Notícias
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