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União e esperança marcam abertura do Praça da Justiça em Grajaú

Rede de instituições liderada pela Justiça Federal e TJMA dialoga com lideranças indígenas e demonstra determinação em atender as necessidades das comunidades 

Publicado em 13 de Mai de 2025, 7h40. Atualizado em 21 de Mai de 2025, 12h22
Por Paulo Lafene

“A cidadania indígena não aguenta mais ‘não’. Está na hora de a gente dizer ‘sim”. E a gente só consegue dizer sim, se a gente ficar junto”. A declaração do juiz federal Hugo Frazão (primeiro da esquerda para a direita, na foto abaixo), durante a abertura do Programa Praça da Justiça e Cidadania, na Câmara Municipal de Grajaú, nessa segunda-feira (12/5), é uma síntese do espírito de união e esperança que tomou conta do evento. Até sexta-feira, 16, mais de 20 instituições lideradas pela Justiça Federal e pelo Tribunal de Justiça do Maranhão prestarão serviços gratuitos, ouvirão as necessidades e buscarão soluções para problemas enfrentados pelas comunidades indígenas locais.

Foto horizontal da Solenidade de abertura do Programa Praça da Justiça em Grajaú. A imagem mostra um grupo de pessoas em um ambiente interno. Há sete pessoas em pé na frente, enquanto outras estão sentadas ao fundo num auditório, com uma decoração simples e moderna. Ao fundo, há uma parede de madeira com bandeiras e um brasão. Algumas pessoas estão vestidas de forma casual, enquanto outras têm trajes mais formais, como ternos e camisas sociais. Uma pessoa está segurando um tablet ou dispositivo eletrônico.

Participaram da solenidade, o desembargador federal Carlos Pires Brandão (segundo da esquerda para a direita, na foto acima), a desembargadora federal Rosimayre Gonçalves de Carvalho (ambos do TRF - 1ª Região); o prefeito Gilson Guerreiro; a juíza Adriana Chaves (ouvidora dos Povos Indígenas e representante do Comitê de Diversidade do TJMA); o juiz Alexandre Andrade, da 1ª Vara de Grajaú, outras autoridades e lideranças indígenas da região.

O projeto Praça da Justiça e Cidadania foi instituído a partir do Termo de Cooperação Técnica assinado pelo coordenador do Sistema de Conciliação do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, desembargador Carlos Augusto Pires Brandão e pelo presidente do TJMA, desembargador Froz Sobrinho em janeiro. A parceria prevê adotar ações de pacificação social e de desenvolvimento da cidadania de forma itinerante.

Protagonistas desta terceira edição do programa, os povos indígenas foram representados por caciques e líderes de quatro aldeias da etnia Guajajara, num diálogo de Justiça Restaurativa com representantes das instituições, realizado antes da cerimônia oficial.

Foto horizontal da Solenidade de abertura do Programa Praça da Justiça em Grajaú. A foto mostra um grupo de aproximadamente 20 pessoas reunidas em círculo em uma sala. As pessoas estão sentadas em cadeiras pretas, dispostas de forma a criar um espaço aberto no centro. As pessoas no círculo estão em uma reunião. Suas expressões faciais e posturas variam, com alguns olhando para quem está falando, outros olhando para baixo ou para os lados, e alguns sorrindo. A vestimenta das pessoas é casual e variada, incluindo camisetas, camisas, calças jeans e saias. Ao fundo, a sala tem paredes claras e cortinas brancas nas janelas. Há três quadros ou pôsteres pendurados na parede. À esquerda, um pôster com texto em português (

Incentivados a citar problemas e necessidades durante o chamado “círculo da paz”, falaram sobre dificuldades, como os acessos às comunidades, transporte, saúde, escolas sem estrutura e, principalmente, segurança, com relatos de casos de estupro e de homicídio. Ficou definido que reuniões setorizadas serão realizadas nos próximos dias, com representantes do órgãos ligados a cada área. O juiz Hugo Frazão também sugeriu que seja criada uma Casa de Cidadania permanente no município, com participação de toda a rede de instituições.

O prefeito Gilson Guerreiro (ao centro, na foto abaixo) elogiou o interesse dos órgãos participantes do Programa Praça da Justiça e Cidadania em buscar soluções para os problemas das comunidades indígenas.

O principal é a atenção, chamar a atenção para algo que nos perturba muito, principalmente porque Grajaú não é um lugar qualquer, pela sua história, pelo seu território, pela tradição de Grajaú", disse o prefeito.

Foto horizontal da Solenidade de abertura do Programa Praça da Justiça em Grajaú. A imagem mostra três pessoas em primeiro plano, em um auditório. À esquerda, uma mulher de pele morena clara e cabelos escuros veste uma camiseta branca com uma estampa em tons de laranja e preto, calças pretas e um relógio rosa no pulso esquerdo. Ela olha para a direita com uma expressão séria e segura um celular na mão direita. No centro, um homem de pele clara, com cabelos escuros e curtos, veste um blazer azul sobre uma camisa branca e calças jeans azuis. Ele está com as mãos juntas à frente do corpo, com a boca ligeiramente aberta e os olhos fixos em algo fora do campo de visão à sua frente. À direita, outro homem de pele clara, com barba escura e cabelos escuros penteados para trás, veste um blazer azul sobre uma camisa branca e calças cinzas. Ele está com a cabeça ligeiramente baixa e as mãos juntas à frente do corpo, com uma expressão concentrada.  Ao fundo, há várias cadeiras de madeira escuras dispostas em fileiras, algumas ocupadas por outras pessoas.

A juíza Adriana Chaves (à esquerda na foto, acima) destacou a ação do TJMA, de priorizar nesta edição o Programa Escuta Ativa dos Povos Indígenas, criado em 2022 e coordenado pelo Comitê de Diversidade do Tribunal, iniciativa premiada pelo CNJ, que aproxima a população indígena do Judiciário maranhense.

Eu sonho que um dia a gente chegue ao patamar, chegue à idealização de vocês, que a gente não precise mais estar aqui, que vocês já consigam ter todos os direitos assegurados".

O desembargador federal Carlos Pires Brandão reforçou a necessidade de união para superar os desafios.

A rede de colaboração é muito interessante, porque ela não é apenas um espaço físico. Ela é mais do que isso, ela é uma inteligência coletiva. No momento em que nós juntamos diversas instituições, esse espaço passa a ser um espaço de emergência, também. É um espaço de inovação", avaliou o desembargador.

ESPERANÇA

Ao término do diálogo, lideranças indígenas demonstraram esperança no esforço conjunto apresentado por representantes das instituições participantes.

Com certeza, a gente sai daqui muito motivado com tudo que foi falado aqui e, para nós, é algo que está nos alegrando, porque todos os problemas e necessidades que foram colocados aqui perante as autoridades – governo federal, estadual e municipal – eu tenho certeza que alguma coisa vai acontecer de melhor para nossas comunidades", avaliou o cacique Sebastião Guajajara (foto abaixo), da aldeia sede Morro Branco.

Foto horizontal da Solenidade de abertura do Programa Praça da Justiça em Grajaú. A imagem mostra um homem em primeiro plano, do busto para cima, usando um cocar indígena elaborado. O cocar é predominantemente vermelho na base, com várias penas azuis e vermelhas vibrantes que se estendem para cima. O homem tem pele morena, cabelos pretos curtos e está olhando diretamente para a câmera com uma expressão séria. Ele veste uma camiseta preta com uma pequena inscrição branca no centro do peito e um colar de metal prateado com um pingente circular. Ele também usa uma pulseira preta e branca no pulso direito. Suas mãos estão juntas na frente do corpo. Ao fundo, parcialmente visíveis, há outras pessoas e elementos de um ambiente interno.

A gente espera ter esse retorno, que não fique só nessa esperança, que a gente tenha logo esse retorno para nós, porque nós somos um povo que estamos a mercê de muitas coisas, mas eu creio que tem esperança, sim, e de dias melhores para nós, povos indígenas", acrescentou a bióloga e professora Geruza Guajajara (à direita, na foto abaixo), da Aldeia Gameleira, região Bananal.

Foto horizontal da solenidade de abertura do Programa Praça da Justiça em Grajaú. Esta imagem mostra duas mulheres em primeiro plano, posando para uma foto em um ambiente interno. A mulher à esquerda tem pele morena clara, cabelos castanhos escuros na altura dos ombros e veste uma camiseta preta com estampas quadradas em tons de azul, branco e amarelo na frente. Ela também usa um colar feito de pequenas contas escuras. A mulher à direita tem pele morena mais clara, cabelos longos, lisos e pretos que caem sobre seus ombros, e usa um top marrom de mangas compridas. Ela também veste um colar elaborado feito de contas vermelhas, pretas e brancas, com um padrão geométrico.  As duas mulheres estão lado a lado, próximas uma da outra, e ambas olham diretamente para a câmera com expressões sérias.

SOLENIDADE

Na sequência, foi realizada a cerimônia oficial de abertura da terceira edição do Programa Praça da Justiça Cidadania. Cada um/a dos/as integrantes da mesa e do dispositivo da solenidade enalteceu o ambiente de união, diálogo e esperança em melhores condições de vida para as comunidades indígenas.

Foto horizontal da Solenidade de abertura do Programa Praça da Justiça em Grajaú. A imagem mostra o interior de uma câmara municipal, com uma mesa principal com microfones e um brasão ou símbolo oficial ao fundo. Várias pessoas estão presentes na sala. Na parte de trás, atrás da mesa principal coberta por um tecido bege, há um grupo de pessoas em pé. Cerca de dez a quinze indivíduos, com uma variedade de idades e vestimentas, incluindo camisetas, camisas e um blazer. Na frente, há fileiras de mesas brancas dispostas em forma de semicírculo, voltadas para a mesa principal. Algumas pessoas estão sentadas a estas mesas, enquanto outras estão em pé ao lado delas. À esquerda, um homem com uma camisa rosa está em pé com a cabeça baixa. Uma mulher com uma blusa preta está ao seu lado, também com a cabeça baixa. Uma mulher com uma blusa branca e calças pretas está em pé com as mãos juntas à frente. À direita, uma mulher com uma camiseta branca e calças pretas está sentada. Ao seu lado, uma mulher com uma blusa marrom clara está em pé. Outra mulher com uma camiseta branca e calças pretas está em pé ao lado dela. Mais à direita, um homem com uma camisa branca e calças pretas está em pé com a cabeça baixa, e uma mulher com uma blusa branca está ao seu lado. As paredes são claras, com cortinas brancas nas janelas laterais. Há caixas de som pretas montadas no teto e unidades de ar condicionado nas paredes laterais. Um banner com texto é visível na parede à direita.

“Hoje, eu saio infinitamente fortalecido”, revelou o juiz Alexandre Andrade.

“Que a Praça seja um espaço democrático e que seja garantida a justiça e a documentação de todos”, reforçou a juíza Adriana Chaves.

“Hoje é um momento histórico, um momento de reparação de direitos”, disse a secretária municipal de Assuntos Indígenas, Rayanne Guajajara.

“Estamos aqui em busca de um ideal único, que é trazer justiça, trazer cidadania, trazer o nosso ouvido de instituição constituída constitucionalmente, com a missão de levar os direitos sociais e efetivar os direitos sociais”, falou a desembargadora Rosimayre Gonçalves.

“Essa rede é poderosa, é transformadora, ela é realizadora”, pontuou o desembargador Carlos Pires Brandão.

“Depois desse 12 de maio, Grajaú jamais será a mesma. Hoje é um dia histórico”, concluiu o prefeito Gilson Guerreiro, após as falas se outras autoridades.

Também participaram da mesa e do dispositivo, Rômulo Orquiza (procurador do município); Elielson Mamede (presidente da Câmara Municipal); Carolina Botelho (defensora pública da União); George Ribeiro (juiz federal); Fábio Carvalho (defensor público do Estado); Carlos França (delegado da Receita Federal); Luís Fernando (vice-Prefeito de Grajaú); Priscila Xavier (juíza federal); Hugo Abas Frazão (juiz federal); Eduardo Lopes (promotor de Justiça); Sandra Barros Alves (diretora da UFMA – Campus Grajaú); Vanessa Sousa (coordenadora regional substituta da Funai); Illana Flávia (presidente da OAB – Subseção Grajaú), Ana Rita Bezerra (diretora da Uema - Campus Grajaú), dentre outros.

Veja o álbum de fotos produzido pela repórter fotográfica Josy Lord.

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