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Comemoração do bicentenário de Maria Firmina dos Reis inicia com espetáculo

No decorrer do ano serão realizadas diversas ações em alusão ao bicentenário da escritora maranhense

14/03/2022
Glaucilene Oliveira

Maria Firmina dos Reis, mulher maranhense e primeira romancista negra, nasceu em 11 de março de 1822, completando nessa data, 200 anos. Em sua homenagem, o Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) – por meio do Comitê de Diversidade e da Coordenadoria de Biblioteca e Jurisprudência, realizou na sexta-feira (11) a abertura do Bicentenário de Maria Firmina dos Reis com o espetáculo  “Maria Firmina dos Reis - Uma voz além do tempo”.

A atriz e pesquisadora maranhense Júlia Martins interpretou Maria Firmina dos Reis no auditório do Centro Administrativo (Rua do Egito, Centro). Ao longo da atuação, Martins rememorou a história e resistência de Maria Firmina dos Reis, que buscou, por meio de seus escritos e com uma narrativa de caráter abolicionista denunciar a escravização negra e lutar por uma educação de qualidade para todos. 

Maria Firmina dos Reis

Na abertura do Bicentenário, o presidente do TJMA, desembargador Lourival Serejo, direcionou sua fala aos alunos e alunas do Centro de Ensino Maria Firmina dos Reis, escola estadual, para explicar a relevância de Maria Firmina dos Reis, que se expandiu de forma impressionante não só no Brasil, como também no exterior, destacando que o TJMA não poderia ficar alheio a essas comemorações. Conforme ele, os estudantes da instituição, que leva o nome dela, devem compartilhar mais que qualquer outro colégio essas comemorações. 

“Vocês foram convidados para assistir a primeira etapa da nossa homenagem à Maria Firmina dos Reis. O que significa festejá-la? Significa assumir o compromisso contra o racismo, a favor do reconhecimento de talentos esquecidos, afirmar o compromisso de dar atenção às diversidades, por isso criamos o Comitê de Diversidade. É fazer um elogio a sua condição de mulher ousada. Ousada porque venceu naquela época obstáculos que a cor de sua pele impunha e a pobreza. Trabalhou esse tempo todo com talento e obstinação. Foi professora concursada e teve a oportunidade de dividir com os alunos seus conhecimentos e até a dinâmica de aula ela renovou. É uma pessoa que vale a pena comemorar”, disse o presidente do TJMA. 

O coordenador do Comitê de Diversidade, juiz Marco Adriano Ramos Fonsêca, enfatizou a importância do trabalho em conjunto com a Coordenadoria de Biblioteca e Jurisprudência para fazer o resgate da memória histórica de Maria Firmina dos Reis e realizar a abertura das comemorações. 

“É uma satisfação, em nome do Comitê de Diversidade, abrir o calendário de eventos alusivos à Maria Firmina dos Reis, essa mulher forte, vibrante e inspiradora que merece todo o nosso reconhecimento e visibilização de sua história e sua trajetória.  O TJMA promove essa iniciativa que conta com a atuação interinstitucional da coordenadora da Biblioteca e Jurisprudência, Cintia Valéria Andrade, com o apoio de toda equipe do Museu do TJMA”, comentou o juiz Marco Adriano. 

No decorrer do espetáculo, marcado pela interação com o público, a atriz Júlia Martins deixou três lições aos presentes: o negro não é animal para montar em cima dele; a mente ninguém pode escravizar; e a educação é o único caminho. Incentivados pela atriz, o público repetiu as frases em coro. 

Maria Firmina dos Reis 3

O servidor Vitor Hugo Enes ressaltou os principais pontos do espetáculo que chamaram sua atenção, pontuando que o momento levou à reflexão de que um tema tão antigo ainda, infelizmente, aparece tão atual.  “A peça conseguiu mesclar arte, história e atualidade. Primeiramente, apresentou momentos e frases marcantes na história de Maria Firmina. A atriz mencionou dados sobre a escravidão moderna, falou sobre a quantidade de pessoas negras assassinadas e presas no país. Explicitou também os dilemas que um negro passa ao ter determinado bem de valor e ser suspeito de tê-lo através de roubo”, disse.  

Participaram do momento magistrados, magistradas, servidores, servidoras, estudantes, professores e professoras, gestores e gestoras do Centro de Ensino Maria Firmina dos Reis.


EVENTO BICENTENÁRIO DE MARIA FIRMINA DOS REIS

A iniciativa é organizada pelo Comitê de Diversidade do TJMA, coordenado pelos juízes Marco Adriano Ramos Fonseca e Elaile Silva Carvalho, bem como pela Coordenadoria de Biblioteca e Jurisprudência, coordenada por Cíntia Valéria Andrade, com o intuito de homenagear a escritora maranhense. 

A programação, que iniciou nesta (11), continuará com exposições, palestras e oficinas durante todo o ano de 2022, como forma de reconhecimento à importância de uma mulher que teve sua história esquecida e silenciada por muitos anos, mas que fez da sua vida uma história de luta contra a discriminação. 

MARIA FIRMINA DOS REIS

Considerada a primeira romancista negra do Brasil,  a escritora maranhense Maria Firmina dos Reis deixou seu legado como professora, musicista e criadora da primeira escola mista do Brasil.

Nascida em São Luís, em 11 de março de 1822 – data que hoje é considerada o Dia da Mulher Maranhense em sua homenagem -, a escritora é autora da obra “Úrsula” (1859), primeiro romance publicado por uma mulher negra em toda a América Latina e primeiro romance abolicionista de autoria feminina da língua portuguesa.
Também é autora de “Gupeva” (1861), narrativa de temática indianista publicada em capítulos pela imprensa local; e "A escrava", de 1887, texto inserido no contexto da abolição do regime escravocrata; entre outras obras.

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Espetáculo Maria Firmina dos Reis

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