Poder Judiciário/Mídias/Notícias

Aspectos sobre a saúde mental da população negra foram discutidos no último dia da programação alusiva ao Dia da Consciência Negra, que é comemorado em 20 de novembro. O evento foi promovida pelo Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), por meio do Comitê de Diversidade, nos dias 17 e 18 de novembro, no Fórum de São Luís, com atividades que destacaram o tema Para Além do Dia 20 de Novembro. O encontro contou com a participação de estudantes de escolas públicas durante os dois dias de programação.

Os analistas judiciários psicóloga Ana Letícia Lima e psicólogo Railson Rodrigues apresentaram aos estudantes e professores(as) das escolas públicas Centro de Ensino Lúcia Chaves (Vila Esperança) e Domingos Vieira Filho (Paço do Lumiar) dados e informações científicas sobre as implicações dos atos de racismo na saúde da população negra, abordando também sobre suas proprias vivências frente a essa realidade. A professora de História e Projeto de Vida da escola Domingos Vieira Filho, também relatou situações de racismo já enfrentadas, reafirmando a importância dos debates para afirmação da luta e identidade negra.

"Esse momento é ímpar, pois evidenciou o quanto as vivências estão presentes na formação das pessoas enquanto sujeitos", avaliou a psicóloga Ana Letícia. 

Para Railson Rodrigues falar aos jovens sobre a importância de cuidarem de si, nesse contexto de preconceito e discriminação, é acreditar numa mudança social. "Essa iniciativa do Tribunal de Justiça marcará a vida dos que estão aqui”, concluiu.

Veja também| Evento do TJMA destaca importância da educação antirracista

MARIA FIRMINA

A trajetória de Maria Firmina dos Reis (1825 – 1917) - mulher preta e primeira romancista do Brasil - foi apresentada por sua descendente da quinta geração da família Reis, Maria Firmina Costa dos Reis, que recebeu o nome como homensagem de seu pai, Antônio Sebastião dos Reis, à romancista. A descendente fez a síntese biográfica ressaltando que além de ser a primeira romancista do Brasil, Firmina também conquistou, como mulher e negra à época, o primeiro lugar em um concurso público estadual, sendo também única professora da cidade maranhense de Guimarães a estudar e aprender francês sozinha.

VEJA O ÁLBUM COMPLETO DO EVENTO (com fotos de Ribamar Pinheiro)

APRESENTAÇÕES CULTURAIS 

Com uma programação diversificada, no evento os estudantes homenagearam João do Vale e Maria Firmina, com apresentações que mostraram um pouco da arte representada por dois ícones da cultura maranhense e referências nacionais. A cordelista Raimunda Frazão também teve um espaço exclusivo para expor sua obra.

O encerramento contou com a participação do grupo Akomabu, do Centro de Cultura Negra do Maranhão. A experiência de um dos integrantes do grupo, José Luís Quaresma, 19 anos, aprovado no Enem para o curso de Direito na Universidade Federal do Maranhão (Ufma), foi destaque durante o evento. “É muito bom ser citado e servir de motivação para outros jovens, incentivando-os a não desistirem diante de todo preconceito que vivenciamos”, observou José Luís.

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

O Dia da Consciência Negra é celebrado no Brasil no dia 20 de novembro – data da morte de Zumbi dos Palmares, que se tornou símbolo de representação de resistência e luta contra a escravidão no país. A data remete à importância de refletir e debater sobre o racismo estrutural no Brasil, sobre a influência do povo de origem africana na formação cultural da sociedade brasileira e para a construção de ações afirmativas de combate às desigualdades sofridas pela população negra em razão de um sistema que submeteu homens e mulheres à escravidão por mais de três séculos.

A data também remete aos anos 70, quando um grupo de estudantes negros do estado do Rio Grande do Sul passou a questionar a proibição da entrada de pessoas negras em um clube da cidade, criando o Coletivo Palmares, realizando reuniões que deram início ao debate contra práticas racistas e pela inserção de pessoas negras nos espaços de poder na sociedade. 

Em 2003, o Dia da Consciência Negra entrou no calendário escolar. Em 2011, a data foi oficializada pela Presidenta Dilma Rousseff como o dia 20 sendo o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, através da Lei 12.519, de 10 de novembro de 2011.

QUEM FOI ZUMBI DOS PALMARES

Zumbi dos Palmares nasceu em 1655, no estado de Alagoas. Símbolo da resistência negra à escravidão, liderou o Quilombo dos Palmares, uma comunidade livre formada por escravizados oriundos das fazendas no Brasil Colonial. Localizado na região da Serra da Barriga, atualmente integra o município alagoano de União dos Palmares.

Zumbi representa a penosa luta das pessoas negras contra a escravidão no Brasil. Enquanto último líder do Quilombo Palmares e o de maior relevância histórica, Zumbi incentivou a fuga de pessoas escravizadas e enfrentou expedições até retirar-se para a guerrilha. Ele também lutou pela liberdade de culto e religião e pela prática da cultura africana no Brasil.

Em 20 de novembro de 1695, Zumbi foi capturado e morto, tendo a sua cabeça decepada e exposta em praça pública.

*Com informações do Comitê de Diversidade do TJMA

Agência de Notícias do TJMA
asscom@tjma.jus.br
(98) 3198-4373