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Dia do(a) Psicólogo(a), (mais um) ano de pandemia

Profissionais do TJMA comemoram mais uma data dedicada a quem atua na área dando acolhimento e orientação em período de instabilidade emocional causada por pandemia e crise

27/08/2021
Ascom/TJMA

Se há alguém que representa o espírito de acolhimento nestes tempos de instabilidade emocional causada pelas crises sanitária, humanitária, institucional e política por que passa o Brasil – principalmente em razão da Covid-19 – é o profissional de Psicologia. A exemplo de outros profissionais da área de saúde, pelo segundo ano consecutivo, a data dedicada ao psicólogo e à psicóloga, 27 de agosto, é comemorada com muito trabalho de avaliação, apoio, orientação e, também, conforto a parentes das vítimas da pandemia.

E os quase 40 psicólogos e psicólogas do Tribunal de Justiça do Maranhão espalhados pelo estado se reinventaram desde o ano passado, na capital e nas comarcas do interior, para que servidores, servidoras, magistradas, magistrados e as pessoas que acessam o site e as redes do TJMA não ficassem desassistidas. Por conta da pandemia de Covid-19, o olho no olho e as palavras trocadas ganharam um viés eletrônico, seja por videoconferência, telefone, e-mail ou aplicativos de mensagens.

São profissionais da Divisão Social do Fórum de São Luís, nas varas do interior, nas áreas de execução penal, juizados, infância e juventude, violência doméstica e familiar, além das divisões Médica e Psicossocial, na Diretoria de Recursos Humanos e outros setores.

Foi em 27 de agosto de 1962 que o então presidente João Goulart sancionou a Lei nº 4.119, que dispõe sobre a profissão, data que ficou marcada como o Dia do Psicólogo no Brasil, embora a regulamentação da atividade tenha ocorrido apenas quase dois anos mais tarde, em 21 de janeiro de 1964.

Traumas, indecisões, crises de ansiedade, sentimentos de baixa autoestima são apenas algumas das situações que os profissionais da saúde mental, agora mascarados – como de resto todos os profissionais que valorizam a ciência – avaliam todos os dias.

“Pra mim, Psicologia é tudo. É aquilo em que eu acredito, é a maneira que eu encontro de trabalhar, é aquilo que faz sentido pra mim, então é a minha profissão e o encontro com a minha alma”, celebra Ingrid Rodrigues, psicóloga da Divisão Médica do TJMA.

“A maior lição que nós tivemos durante esse período é de como é importante você cuidar da saúde mental para lidar com os desafios”, avalia Joseana Lima Alves, chefe da Divisão Psicossocial do Tribunal de Justiça.

AO VIVO E EM CORES

Não houve “janeiro branco” (dedicado à saúde mental) ou “setembro amarelo” (de prevenção ao suicídio) que ficasse sem atenção da Divisão Psicossocial. Por meio de campanhas e, especialmente, de lives nas redes sociais, nesses e em outros meses do ano, os psicólogos e psicólogas assumiram as telas de vídeo para levar informações, tirar dúvidas ou até mesmo debater temas ligados à saúde mental com profissionais de outras instituições, com o intuito de deixar o público esclarecido em relação a medidas de prevenção, atitudes, comportamento.

Com a experiência de 16 anos no Tribunal e desde maio de 2020 como chefe da Divisão Psicossocial do TJMA, Joseana Lima Alves relata que a necessidade afastou o público do atendimento presencial, mas trouxe vantagens por outro lado: “facilitou muito para servidores que residem no interior do estado, com acesso mais fácil, mais ágil. Houve um aumento considerável de atendimentos”.

Para Joseana, esse aumento se deu muito em função da fragilidade, envolvendo questões de saúde mental, com muitas pessoas com crise de ansiedade, que sentiram a necessidade de buscar uma ajuda para lidar melhor com essa situação. 

“Nas atividades, utilizamos plataformas do Instagram, tivemos ajuda da Assessoria de Comunicação do TJMA, para que servidores pudessem se sentir informados ou acolhidos, diante de alguma informação que eles estavam passando naquele momento. Tanto como a Divisão Médica, que faz vídeos com a psicóloga Ingrid (Rodrigues), como as lives que nós fizemos do janeiro branco e setembro amarelo e de outras campanhas que são propostas pelo setor”. 

Durante todo este tempo, a Divisão Psicossocial do TJMA disponibilizou o agendamento por meio do e-mail institucional divpsico@tjma.jus.br e atendimento por videoconferência, pela plataforma WEBConferência, no portal do Judiciário do Maranhão.

Também disponibilizou aos magistrados (as) e servidores (as) o e-Book “Sua Saúde Importa”, que considera as mudanças vivenciadas em decorrência dos tempos difíceis com o surgimento da pandemia e a necessidade de adaptação às novas demandas, conciliando-as com as diversas atividades diárias.

A psicóloga Tatiana Carvalho, da Divisão Psicossocial, escreveu um artigo intitulado “Saúde Mental, Criatividade e Sentido da Vida”, com o intuito de despertar a reflexão de servidores, servidoras, magistrados, magistradas e da sociedade em geral sobre o cenário marcado pela pandemia da Covid-19, bem como as possibilidades e os inúmeros desafios gerados a partir deste contexto.

Janeiro Branco

Tatiana também participou de lives, uma delas como mediadora, tendo o tema “Janeiro Branco: Saúde Mental, Criatividade e Sentido da Vida”, com palestra da médica psiquiatra Sâmia Jamile Damous Duailibe. A psicóloga entende sua profissão como uma ciência com múltiplos olhares acerca do ser humano, com diversos ângulos de visão que se complementam como um grande mosaico que retrata o ser humano em sua complexidade.

“Enquanto profissão, a psicologia busca se apoiar nesses diversos saberes para se colocar na posição de escuta e auxílio às pessoas, individualmente ou em grupo, seja no consultório, na escola, na empresa, no presídio, no hospital, na comunidade ou qualquer outra instituição. É uma profissão que se exerce na doação de si para o encontro com o outro, para lembrar-lhe de sua irrefutável dignidade e capacidade de ser mais, contribuindo assim para que tenha uma vida mais significativa”, destaca Tatiana Carvalho.

Setembro Amarelo

Tatiana e Eliandro Romulo Cruz Araujo, também psicólogo do TJMA, foram palestrantes de uma live no "Setembro Amarelo" da campanha de prevenção ao suicídio e valorização da vida “Escolha Viver!”, do TJMA.

“A Psicologia é uma ciência do comportamento humano que busca analisar, intervir, melhorar os comportamentos e contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas”, define Eliandro Araujo.

Escolher Viver

O também psicólogo Railson Rodrigues, do TJMA, foi mediador da live com a psicóloga Raíssa Palhano, com o tema “Setembro Amarelo e a prevenção ao suicídio e à automutilação em adolescentes: possibilidades de valorização da vida”.

“Psicologia, para mim, é uma ciência que vai além da decifração do comportamento ou da busca da cura para algum transtorno ou problema. É uma ciência que busca, sobretudo, o bem-estar, a qualidade de vida, o encontro do sujeito consigo mesmo e para com o outro”, resume Railson Rodrigues.

Setembro amarelo 2

RODAS E VÍDEOS

A psicóloga Ingrid Rodrigues trabalha no TJMA desde 2010. Anteriormente, já atuava em consultório e dava aulas no Ceuma e na UFMA. Passou dois anos em Imperatriz e depois veio para a Divisão Médica do TJMA em São Luís, por meio de concurso de remoção.

Conta que seu trabalho na Divisão Médica, basicamente, era – e ainda é – de avaliação psicológica, principalmente de servidores em situação de afastamento, de assédio e outras. Revela que a inquietação e o gosto de produzir projetos diferentes a levaram a realizar, pouco antes da pandemia, rodas de conversa, além da ideia, então latente, de trabalhar com vídeos.

Em iniciativa da Divisão Médica do TJMA, Ingrid Rodrigues deu início ao projeto de bem-estar para magistrados em 2020, dois meses antes da pandemia, quando ela teve que redirecionar o trabalho por causa da Covid-19 e suas consequências na saúde mental das pessoas.

“Eu pensei em fazer alguma coisa que pudesse contribuir para a saúde dos servidores e para ocupar minha cabeça, porque eu entendo o trabalho – apesar de, às vezes, eu exagerar – como uma excelente fonte de ocupação”.

A psicóloga sempre discutiu internamente a possibilidade de usar a tecnologia a favor do Tribunal, para chegar às comarcas do interior. No começo, ela conta ter mantido as coisas que acha imprescindíveis de forma presencial, como a avaliação psicológica, por considerar mais efetiva dessa forma, embora tenha feito primeiros contatos de outra maneira quando os servidores solicitavam afastamento, mas manteve as rodas de conversa e o Fale com Psi, orientação psicológica on-line que criou.

Desde março de 2020, no período de isolamento social, Ingrid Rodrigues começou a produzir vídeos sobre saúde mental, inicialmente diários, mudando de periodicidade à medida que as pessoas estavam mais esclarecidas e seguras, passando a ser semanal.

Saúde Mental - Isolamento Social

Ansiedade, estresse, depressão e satisfação com o trabalho foram alguns dos temas dos 51 vídeos da série realizada ao longo de 2020, com informações e orientações sobre cuidados com a saúde mental.

No começo de 2021, em parceria com outros profissionais da Divisão Médica, ela passou a produzir a campanha Saúde no Judiciário, que aborda também as outras áreas de saúde além da mental.

Saúde no Judiciário

O projeto foi uma das quatro práticas inscritas pelo TJMA no Prêmio Innovare, que tem como objetivo identificar, divulgar e difundir práticas que contribuam para o aprimoramento da Justiça no Brasil.

“Eu acho que a gente chegou a muito mais pessoas com os vídeos, e o trabalho ficou mais flexibilizado. Nesse sentido, eu trabalhei muito mais desde a pandemia pra cá, mas ela trouxe possibilidades muito diferentes, até mesmo de alcance”, conclui Ingrid Rodrigues.

PSICOLOGIA PARA TODOS

A importância da Psicologia é tamanha que a maioria dos psicólogos e psicólogas entende que eles próprios devem buscar também auxílio com outros profissionais da área. “O psicólogo deveria fazer psicoterapia, para ele trabalhar suas próprias questões, de modo que elas não interfiram nos processos das pessoas que ele visa atender”, frisa Ingrid Rodrigues. 

O pensamento de Railson Rodrigues é semelhante nesse ponto e ele acrescenta: “Eu vejo como necessidade profissional, no sentido de ter uma referência da sua prática, e uma troca de experiências e saberes, mas também como uma busca para aperfeiçoar a si mesmo”.

“Psicólogas e psicólogos, como seres humanos que são, também têm suas questões pessoais a serem elaboradas. O exercício constante de autoconhecimento, a busca do crescimento pessoal e o confronto desafiador com o sentido de exercer a Psicologia são processos fundamentais que podem ser enriquecidos quando a psicóloga ou o psicólogo busca ajuda psicológica”, acrescenta Tatiana Carvalho.

Esse entendimento é compartilhado por Eliandro Araujo. “O psicólogo não está isento de precisar de apoio, de suporte, vide esse período de pandemia, em que todos nós fomos impactados”, completa ele.

BREVE HISTÓRICO

De acordo com o Dicionário Etimológico (www.dicionarioetimologico.com.br), a expressão Psicologia deriva das palavras gregas “psyché” (alma, espírito) e “logos” (estudo, razão, compreensão). Psicologia poderia ser compreendida então como o “estudo da alma” ou a “compreensão da alma”.

A história da Psicologia remonta a antigas civilizações, como a Grécia, com registros também no Egito, China e Índia. Era um ramo ligado à filosofia até a segunda metade do Século XIX, quando se tornou independente na Alemanha e se desenvolveu da área experimental para as primeiras práticas com base científica, expandindo-se para a América do Norte. O Século XX trouxe novas teorias e formas de abordagem do pensamento psicológico e, mais tarde, as divisões de conceito.

No Brasil, várias publicações atribuem ao médico baiano Eduardo Ferreira França, em 1854, a primeira obra sobre a área, com o livro “Investigações de Psychologia”, embora citem preocupações com o fenômeno desde o período colonial, apesar de não ser considerada propriamente psicologia à época.

São vários os ramos da Psicologia, dentre eles a psicologia clínica, a hospitalar, a escolar e a organizacional, de forma bem genérica. Todas imprescindíveis.

Agência TJMA de Notícias
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