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TJMA encerra programação alusiva ao Dia da Mulher Negra com visita aos caminhos ancestrais de Maria Firmina dos Reis

Na ocasião, foram apresentadas ações antidiscriminatórias desenvolvidas pelo Poder Judiciário Maranhense

26/07/2022
Ascom/TJMA

O Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), por meio do Comitê de Diversidade e da Coordenadoria da Mulher (Cemulher), encerrou a programação referente ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e Dia de Tereza de Benguela, celebrado no dia 25 de julho, com visita aos caminhos ancestrais de Maria Firmina dos Reis, na cidade de Guimarães.

A itinerância teve como objetivo sensibilizar a comunidade local com temas sobre as políticas judiciárias antidiscriminatórias e de enfrentamento a violência doméstica. As ações iniciaram com Rodas de Diálogos nos dias 8 e 15 de julho no Centro de Juventude Florescer e na Unidade Feminina de Pedrinhas, respectivamente.

Com o apoio do governo municipal de Guimarães, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo, e do Instituto da Cor ao Caso, a equipe do Comitê de Diversidade e da Cemulher interagiu com o público da Colônia de Pescadores e dos Quilombos Caratiua e Baixa do Sapateiro.

Na sensibilização com os pescadores e público em geral, a coordenadora adjunta do Comitê de Diversidade, juíza Elaile Carvalho, destacou a alegria e satisfação em estar na cidade que marcou a trajetória da abolicionista Maria Firmina dos Reis, cujo Bicentenário é comemorado este ano pelo Poder Judiciário do Maranhão. A magistrada ressaltou o protagonismo das mulheres da cidade de Guimarães, citando a composição da Câmara de Vereadores que tem as mulheres como maioria.

Ao apresentar os seis eixos de atuação do Comitê - combate ao racismo, gordofobia, etarismo, capacitismo, sexismo e LGBTfobia - Elaile lembrou que a atuação do órgão busca “a garantia dos direitos humanos a partir de práticas antidiscriminatórias dentro de uma sociedade plural”, disse.

Sobre a Violência Doméstica e Familiar, a assistente social Danyelle Bitencourt, e a analista Amanda Rolim, contextualizaram as ações da Cemulher. Amanda observou a importância de se questionar a sociedade em que estamos inseridos para a provocação de mudanças culturais, sendo obrigação de todos mudar a realidade da violência vivenciada pelas mulheres.

Danyelle Bitencourt também esclareceu ao público sobre a atuação do Judiciário maranhense, ao abordar os tipos de violência, as formas que as mulheres podem ter seus direitos atingidos e como o TJMA pode atuar na proteção das mulheres vítimas de violência doméstica e familiar.

INTERAÇÃO

A juíza Mara Carneiro reforçou o trabalho realizado na comarca junto com toda a rede de apoio, enfatizando que a violência doméstica atinge muitas mulheres vimarenses, e que o Poder Judiciário maranhense está à disposição para fortalecer o combate a essa luta.

A interação com os participantes trouxe alguns relatos e reflexões, a exemplo da psicóloga Thamires Martins, quando se referiu a temática antidiscriminatória. “Existe uma violência estrutural que não percebemos quando estamos praticando ou sofrendo. Importante ter temas como o racismo e a LGBTfobia em discussão, pois são tratados de forma recreativa em muitas ocasiões”, concluiu.

A discussão sobre a violência contra as mulheres trouxe questionamentos, o que levou a vários esclarecimentos e orientações pela equipe da Cemulher e pelas magistradas Elaile Carvalho e Mara Carneiro.

“Achei muito produtiva a vinda a esse encontro, que servirá para melhorar o respeito às mulheres”, opinou a pescadora Iris de Jesus Barbosa.

A necessidade de respeito aos idosos foi pontuada pela presidente do Conselho do Idoso de Guimarães, Glória Maria Pinheiro, que convocou a população vimarense a proteger os idosos, colocando o Conselho à disposição para denúncias e sugestões.

QUILOMBO DE CARATIUA E LAGO DO SAPATEIRO

No quilombo de Caratiua, que é um dos 19 existentes de Guimarães, pôde-se observar a estrutura organizacional do local em que vivem 50 famílias. Por meio da Associação Comunitária Quilombola São Benedito, a geração de renda é incentivada com a produção de artesanatos da fibra de bananeira, crochê e estampas em canecas. A importância da ancestralidade da fundadora do local, Evarista Dias, foi lembrada pelas representantes do quilombo, Iranilde Fonseca e Laureni da Conceição.

Na ocasião, a juíza Elaile Carvalho apresentou as ações do Comitê e a importância da interação com a população quilombola para expandir o alcance das ações antidiscriminatórias do TJMA.

A servidora e membra do Comitê, Joseane Cantanhede, compartilhou sua vivência como mulher negra e de quilombo, enaltecendo, ainda, a fortaleza das mulheres quilombolas. Os esclarecimentos e combate a violência familiar e doméstica foram apresentados pela equipe da Cemulher.

A participação dos jovens como condutores de turismo é outra iniciativa que busca fortalecer a cultura do quilombo, que apresenta sua história a partir de seu próprio olhar, por meio dos próprios moradores. Aline Martins, Creusilene Santos e Deivid Armando explicaram o roteiro que é feito com os visitantes. “É muito bom falar da nossa comunidade e, ao mesmo tempo, ter uma fonte de renda”, pontuou Aline.

No Quilombo do Lago do Sapateiro, o som das caixeiras do Divino recepcionou a comitiva do TJMA, que também conheceu a Biblioteca Comunitária que funciona no Centro Comunitário da comunidade com o trabalho voluntário das moradoras.

Também participaram das ações, o secretário de Turismo e Cultura, Antônio Marcos Gomes, Prefeito Oswaldo Gomes, servidores da Prefeitura de Guimarães e as servidoras Joseane Cantanhede e Joelma Nascimento.

SOBRE A DATA

O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha foi criado em 25 de julho de 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, em Santo Domingos, República Dominicana. É um marco internacional da luta e da resistência da mulher negra.

No mesmo dia, anualmente no Brasil, é comemorado o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Mulher negra, estrategista militar e dirigente política, Tereza de Benguela marcou a história do Brasil no século XVIII à frente do Quilombo de Quariterê, localizado no território que hoje corresponde ao Vale do Guaporé, no Estado do Mato Grosso.

PROJETO ANUAL

Toda a programação do Comitê de Diversidade para 2022 está alinhada ao projeto que comemora o Bicentenário de Maria Firmina dos Reis. Mulher negra, que marcou a história do Brasil no século XIX, Maria Firmina dos Reis deixou seu legado como professora, escritora, musicista e criadora da primeira escola mista do Brasil.

A abertura do Bicentenário ocorreu no dia 11 de março, com o espetáculo “Maria Firmina dos Reis - Uma voz além do tempo”, com a atriz e pesquisadora maranhense Júlia Martins. O evento aconteceu no auditório do Centro Administrativo para servidores(as), magistrados(as) e alunos(as), professores(as) e gestores(as) de escolas públicas.

O Bicentenário é organizado pelo Comitê de Diversidade e Coordenação de Gestão da Memória e Biblioteca do TJMA.

Agência TJMA de Notícias
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