A campanha “Dicas de Saúde”, do Tribunal de Justiça do Maranhão, aborda a desinformação em saúde bucal na edição desta semana. O odontólogo Estevam Carlos alerta que esse é um fenômeno social ligado à disseminação de informações com o propósito de confundir ou induzir ao erro.
Não é um fenômeno recente, mas ganhou escala com as tecnologias digitais e redes sociais”, complementa.
O odontólogo aponta que este problema afeta também a Odontologia, a partir do momento em que pode influenciar a opinião das pessoas e afetar suas escolhas em relação à saúde bucal.
O Odontólogo cita o estudo de Lotto e colaboradores, realizado pela Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB/USP), publicado em 2023. Este trabalho concluiu que a maioria das postagens com desinformação estavam relacionadas a alguns temas de saúde bucal, como: doença periodontal (aquela que afeta a gengiva e os tecidos em volta), tratamento de canal, dor de dente, uso do flúor e cárie dentária.
Em geral, a informação distorcida vem carregada de forte apelo emocional, como medo e ódio, sugerindo a disseminação apressada, o que alimenta o ciclo de desinformação. Esse processo ataca os canais tradicionais de divulgação de conteúdo científico, desacredita políticas públicas e sugere curas milagrosas a partir de falsas premissas ou situações fora de contexto”, relata Estevam Carlos.
O profissional da Divisão Odontológica do Tribunal explica que o cenário se torna ainda mais desafiador porque a maioria das postagens avaliadas no estudo era feita por profissionais da Odontologia, focadas em tratamentos alternativos ou naturais e motivadas por interesses financeiros. Ele conta que é importante frisar que menos de 6% do conteúdo distorcido foi detectado pelas ferramentas tradicionais de checagem de fatos.
Para a população, dada a avalanche de informações a que é submetida e a dificuldade de interpretar o conteúdo científico e o apelo emocional das mensagens, é praticamente impossível distinguir o que é fato do que é especulação”, avalia.
O dentista disse que, recentemente, teve destaque o alerta feito pelo Conselho Federal de Odontologia a respeito da divulgação de uma especialidade inexistente, autointitulada “Odontologia Biológica”, que defende a remoção profilática de restaurações de amálgama, o não uso do flúor e a utilização de implantes dentários sem metal.
Toda essa abordagem é baseada em questões de toxicidade, abusando da retórica do medo, sem fundamento em estudos bem delineados e realizados em humanos e em desacordo com pareceres técnicos de agências nacionais e internacionais”, frisa.
Para Estevam, as consequências, para o indivíduo e para a coletividade, a partir de ações tomadas com base nessas informações enviesadas, vão além do prejuízo financeiro, pois elas trazem a ideia de contaminação, devido a tratamentos que são seguros do ponto de vista biológico.
A busca por saúde bucal pode se valer do ceticismo com os tratamentos tradicionais, mas o questionamento tem de se dar em bases racionais. Busque fontes com credibilidade e evite compartilhar mensagens que você não tem certeza se estão corretas ou desconheça a fonte. Converse com um profissional de sua confiança, que ele saberá lhe orientar sobre as melhores escolhas ou uma forma segura de buscar conhecimento”, aconselha o odontólogo.
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