Poder Judiciário/Mídias/Notícias

"Dicas de Saúde" aborda redes sociais e os impactos na vida cotidiana 

Campanha traz análise da psicóloga Denise Pereira França, da Divisão Psicossocial do TJMA 

Publicado em 18 de Nov de 2024, 7h30. Atualizado em 18 de Nov de 2024, 9h07
Por Ascom/TJMA

A campanha “Dicas de Saúde”, do Tribunal de Justiça do Maranhão, aborda as redes sociais e os impactos na vida cotidiana. A análise é da psicóloga Denise Pereira França, da Divisão Psicossocial do TJMA. Ela destaca que a internet tem influenciado o comportamento humano e modificado o modo como as pessoas interagem e que, nesse contexto, as chamadas redes sociais têm papel importante. Contudo, é necessário pontuar que esse conceito é anterior à realidade de comunicação virtual.

“As redes sociais sempre existiram. No mundo físico, elas existem desde os primórdios, com os primeiros homo sapiens se reunindo ao redor de uma fogueira, por exemplo. A sociedade é e sempre foi organizada em rede, ou seja, cada pessoa liga-se a tantas outras, estas, por sua vez, também estão ligadas a outras mais e, assim, sucessivamente, independentemente de classe ou grupo social”, explica.

A psicóloga diz que o conceito de rede social pode ser compreendido como um grupo de pessoas que interagem, por conta de interesses comuns, em um dado ambiente, físico ou digital.

“Considerando esse entendimento, no ambiente digital, as redes sociais se estabelecem a partir do uso de mídias digitais, ou seja, aplicativos como WhatsApp, Telegram, Instagram, dentre outros. São as interações ocorridas nesses meios que conferem a essas plataformas digitais o status de ‘rede social’. Cada um deles, com suas diretrizes e funcionamento próprios, influenciam o comportamento de seus usuários, configurando novas formas de interações”.

Para Denise França, é inegável que, nos últimos anos, as redes sociais se tornaram uma parte intrínseca da vida cotidiana de milhões de pessoas ao redor do mundo, pois, embora proporcionem benefícios, como facilitar a conexão e a disseminação de informação e conhecimento, o uso excessivo pode levar a impactos negativos e significativos nas relações sociais, no comportamento e na saúde mental das pessoas. Avalia que questões importantes merecem uma análise mais crítica e lista três desses impactos prejudiciais à vida cotidiana e, consequentemente, à saúde mental.

“Rotineiramente, estamos expostos a uma quantidade expressiva de influências. Dentre recortes felizes, perfeitos e cheios de filtros da vida de diferentes pessoas através da tela, a autoimagem na vida real acaba sendo questionada, o que contribui para o crescimento do sentimento de inadequação, que, por sua vez, influencia diretamente na autoestima, que é o apreço e a afeição que temos por nós mesmos, e isso tem forte impacto na vida diária, no jeito de ser, no modo de se relacionar”.

Logo, prossegue ela, “é importante lembrar que, no mundo real, somos imperfeitos e falhos e que a natureza instantânea e superficial de muitas das interações virtuais não reflete a realidade em sua completude. Pode parecer um entendimento obvio para você, mas para uma geração que já nasceu na era digital, essa exposição é entendida como uma versão da realidade, e não alcançar tal ideal pode ser motivo de extrema frustração, sofrimento e até mesmo desencadear comportamentos depressivos, por conta do alto padrão estabelecido pelos recortes irreais”.

Segundo a profissional da Divisão Psicossocial do TJMA, uma outra preocupação se refere ao tempo de tela. “Esse é um debate recorrente, principalmente para a primeira infância, pois é cada vez mais frequente a exposição de crianças a vídeos ‘fofinhos’ por meio das redes. Entendo que possa ser uma forma mais rápida de entreter a criança, e, de fato é, mas não é a mais saudável”.

Segundo a psicóloga, a Sociedade Brasileira de Pediatria desaconselha o uso de telas por parte de bebês e recomenda cautela no uso ao longo dos anos. “É necessário destacar que o olhar e a presença da mãe, do pai, da família é vital e instintivo, como fonte natural dos estímulos e cuidados do apego e que não podem ser substituídos por telas e tecnologias”.

Ela acrescenta que a exposição excessiva a telas afeta todo o desenvolvimento cognitivo da criança, gerando déficits cognitivos, emocionais e comportamentais. Já para um cérebro adulto, essa exposição desregula os níveis de dopamina, substância relacionada ao nível de motivação.

“Observa-se que, quanto maior a exposição a telas, mais a pessoa acessa as redes sociais digitais em busca de novidades, notificações ou vídeos para se sentir melhor. As sugestões de vídeos que chegam geram picos e vales de dopaminas cada vez mais fortes, funcionando como uma recompensa, que logo cessa e gera a necessidade de mais. Assim, a pessoa tende a gastar o seu tempo no próximo, e no próximo, e no próximo vídeo, o que acaba por deixá-la, no final das contas, ainda mais desmotivada”.

Outro ponto relevante apontado pela psicóloga é o impacto no foco e na atenção. A natureza fragmentada do conteúdo nas redes sociais, com as notificações constantes e as informações rápidas, pode dificultar a concentração.

Ressalta que um estudo da University of California mostra que o uso de redes sociais pode reduzir a capacidade de foco e aumentar a distração, interferindo em tarefas cognitivas complexas. Essa fragmentação da atenção, segundo ela, não apenas afeta o desempenho acadêmico e profissional, o que reflete na produtividade e no nível de procrastinação, mas também pode contribuir para um estado de alto estresse e até mesmo ansiedade.

“Diante do exposto, destaca-se que a compreensão desses impactos é fundamental para um uso mais consciente das plataformas digitais. A utilização saudável das mídias sociais digitais requer conscientização e um equilíbrio entre o mundo digital e o físico. É primordial o uso mais intencional, de modo que se torne uma ferramenta para explorar a criatividade, construir ou aprender algo, por exemplo. Essa mudança faz toda diferença na vida pessoal e profissional, passando, inclusive, pela saúde mental.

A psicóloga alerta que excessos são prejudiciais, então é fundamental a busca por um equilíbrio que favoreça tanto a conexão quanto o bem-estar.

“Promover uma educação digital, para todas as idades, que enfatize o uso saudável das redes sociais, pode ser um passo importante para mitigar esses impactos e fomentar um ambiente on-line mais positivo”, finaliza Denise França.

Agência TJMA de Notícias
asscom@tjma.jus.br
(98) 2055-2024

GALERIA DE FOTOS